Candidatos independentes a Belém encontram-se na próxima semana

Encontro poderá marcar uma “revolta das candidaturas independentes”, que irão debater a desigualdade de tratamento na imprensa, pagamento de impostos sobre campanhas e a dificuldade de recolha de assinaturas.

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Cândido Ferreira, Jorge Sequeira e Tino de Rans ficaram de fora da lista das televisões para os debates das presidenciais. Rui Gaudêncio

O candidato independente à Presidência da República, Cândido Ferreira, anunciou esta terça-feira ao PÚBLICO que irá convidar todas as candidaturas independentes para um encontro na quinta-feira da próxima semana, dia 22 de Outubro, no Clube de Jornalistas, em Lisboa. O objectivo é “debater toda a problemática comum que está a limitar a democracia portuguesa e a restringir as candidaturas independentes”.

Entre as essas restrições, o médico natural do distrito de Coimbra refere a alegada desproporcionalidade fiscal das campanhas eleitorais destas candidaturas quando comparada com as dos partidos, bem como a dificuldade de recolha de assinaturas. Mas o mais importante, para Cândido Ferreira, é a "desconsideração da comunicação social" pelas candidaturas independentes.

“É inacreditável a quantidade de documentos que publicámos e a quantidade de iniciativas que fizemos que foram completamente ignoradas pela imprensa. Nem um segundo de televisão, nem um segundo de rádio”, referiu Cândido Ferreira ao PÚBLICO, acrescentando que se a comunicação social não estiver mobilizada, então as candidaturas que não têm o apoio de máquinas partidárias não têm a “mínima hipótese de mudar o quer que seja”.

O antigo presidente da Federação Distrital de Leiria do PS diz que o encontro servirá para denunciar os “problemas transversais” às candidaturas independentes, mas também para avançar com propostas concretas.

Em relação a possíveis desistências ou fusões de candidaturas, é “muito improvável que saia alguma coisa”. Não que não haja um sentimento de cooperação entre independentes – Cândido Ferreira admite que se existissem candidaturas que assumissem as mesmas posições e valores que ele, e que as pudessem levar a cabo de melhor maneira, deixaria o lugar vago. “Mas não agora”, reflecte: "Tenho 5000 assinaturas de pessoas que confiaram em mim, não vou agora apoiar outro candidato. Fora de questão”.

Um “passeio triunfal” da direita
No dia da apresentação da candidatura de Maria de Belém, Cândido Ferreira avisou que a antiga ministra da Saúde “não vai resistir a um exame isento sobre a sua acção política”.

Aliás, o ex-dirigente do PS critica todos os candidatos socialistas. Sampaio da Nóvoa é “um balão de ensaio que se foi esvaziando à medida que se tornou conhecido” e Henrique Neto é “o mais anti-PS de todos os candidatos”. Perante estas candidaturas presidenciais “apregoadas como sendo PS”, o candidato da direita terá um verdadeiro “passeio triunfal” até Belém.

Mas atenção que Marcelo Rebelo de Sousa “não é imbatível”, avisa. Também há críticas para o professor de Direito, que “corre o risco de ter propaganda a mais, e o seu carácter pode ser questionado por se ter aproveitado dessa propaganda”.

O antigo dirigente desaprovou também a conduta de Cavaco Silva, que não deveria ter proposto a Passos Coelho um entendimento com António Costa sem antes ter ouvido todos os partidos, classificando a arbitragem do Presidente da República como “atabalhoada”. Cândido Ferreira acredita que o Chefe de Estado deve “ser um árbitro e não um jogador”.

 

Notícia editada por Leonete Botelho

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