Braga diz não a Seguro e inclina-se para apoiar Costa

Secretário-geral do PS telefonou a várias personalidades do distrito, mas militantes ainda estão zangados com o líder e negaram-lhe apoio.

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As bases agitam-se no PS Nelson Garrido

António José Seguro se for a votos não deverá contar com o apoio de um dos seus grandes esteios. Com poucas excepções, os socialistas de Braga, distrito pelo qual o líder do partido tem sido eleito deputado, estão zangados com o secretário-geral e não lhe perdoam o facto de, nas listas para o Parlamento Europeu (PE), não ter dado um lugar de destaque.

Seguro ofereceu a Braga o 11º lugar na lista, uma posição que foi considerada uma desconsideração perante um distrito que tem estado sempre ao lado do secretário-geral. Na altura, Seguro foi confrontado com o facto de o Porto ter três nomes nos dez primeiros (Francisco Assis, Elisa Ferreira e Manuel dos Santos), mas reafirmou que não tinha espaço para encaixar Braga numa posição elegível.

A resposta à indiferença de Seguro chegou agora. No mesmo dia em que António Costa anunciou a sua disponibilidade para avançar para a liderança, o secretário-geral socialista telefonou a algumas personalidades com peso em Braga, como Mesquita Machado, ex-presidente da câmara, e Hugo Pires, líder da concelhia, pedindo-lhe apoio. A resposta foi um redondo não.

Ao PÚBLICO, Mesquita Machado confirmou o telefonema do líder do PS, mas entende que, perante a crise politica aberta no partido, o momento pede reflexão. “Em democracia temos que reflectir sobre as causas e certamente que ninguém nos pode impedir de fazer essa reflexão”, afirmou. “Para mim, os interesses do país e do partido estão acima das amizades”, disse ainda Mesquita Machado, pedindo a convocação de um congresso electivo extraordinário e “quanto mais cedo melhor”.

Ao PÚBLICO fontes socialistas garantem que, das 14 concelhias do distrito, doze estão com Costa e duas com Seguro (Famalicão e Guimarães).

Mas se Braga se inclina para apoiar Costa, o Porto, a maior federação socialista, está com o secretário-geral. José Luís Carneiro já se insurgiu contra a disponibilidade do autarca de Lisboa, por entender que uma eventual disputa pela liderança “fragilizará de forma muito profunda as possibilidades de nos afirmamos como alternativa a este Governo”.

A distrital de Setúbal, que contabiliza 5000 militantes, vai também apoiar Seguro e mostra “perplexidade” pela declaração de Costa. Madalena Alves Pereira, presidente da distrital, entende que a “liderança não deve ser discutida porque está legitimada pelos militantes e consolidada por duas vitórias eleitorais” - autárquicas e europeias - e refere que a “lista para as europeias proposta pelo secretário-geral foi aprovada por unanimidade por todos, incluindo António Costa”.

Declarando que “no PS não há donos dos votos”, o líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, Marcos Perestrelo entende que a direcção deve dar oportunidade aos militantes para se pronunciarem sobre o futuro do partido.

“A eleição do secretário-geral é feita pelos militantes directamente e isso é muito importante. Nas actuais condições políticas, julgo justificar-se que seja dada aos militantes a oportunidade de se pronunciarem sobre o futuro do partido”, declarou o presidente da FAUL numa curta declaração à agência Lusa.

Aveiro, outra das federações que contribui para representar a maioria dos militantes do PS, concorda com as motivações de António Costa.

“A verdade é que o povo português ainda não deu a confiança que nós precisamos para podermos não só ganhar as eleições com maioria que o país precisa. Precisamos de uma liderança e de um programa mobilizador para conseguirmos dar a volta à situação difícil em que o país se encontra”, afirma Pedro Nuno Santos, o líder da distrital de Aveiro.

 

 

   





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