Bloco propõe criação de serviços de urgência básica

No último dia das Jornadas Parlamentares do BE, a deputada Helena Pinto defendeu a reorganização funcional da rede de serviços de urgência.

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As deputadas do BE Helena Pinto e Cecília Honório reuniram-se com a administração do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Ricardo Castelo/NFactos

No dia em que o ministro Paulo Macedo visitou duas unidades de saúde e afirmou que a morte de 700 pessoas em Janeiro “nada tem de assustador”, o Bloco de Esquerda anunciava em Vila Nova de Gaia, pela voz da deputada Helena Pinto, que vai apresentar um projecto de resolução para a reorganização funcional da rede de serviços de urgência.

O Bloco denuncia as “imensas dificuldades vividas nas urgências hospitalares em Portugal, com serviços sobrelotados, doentes que aguardam horas e horas por atendimentos, profissionais extenuados, falta de espaço nos serviços e doentes internados em macas nos corredores” e afirma que “estas realidades estão a ocorrer cada vez com mais frequência por todo o país” e que o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, visitado este sábado pelas deputadas Helena Pinto e Cecília Honório, “não é excepção”.

Aos jornalistas, Helena Pinto disse ainda que o Centro Hospitalar de Gaia, com um "universo de referência" de 350 mil pessoas, "não foge ao que se passa no resto do país" e vive "uma maior afluência de doentes", tendo sido obrigado "a aumentar o número de camas disponíveis".

No final de uma visita com a administração hospitalar, que decorreu no âmbito das Jornadas Parlamentares do BE, a deputada Helena Pinto disse que os problemas hospitalares resultam do “desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde” e defendeu a criação de um serviço básico associado às urgências polivalentes ou médico-cirúrgicas para ajudar a “desbloquear” o atendimento.

Sublinhando, por várias vezes, que o” problema das urgências não é sazonal”, a deputada alertou para os efeitos desta situação que “pode ser mais cruel nestes picos” de gripe e argumentou que este problema é a parte visível do desinvestimento e esse é da responsabilidade do ministro Paulo Macedo”.

Acompanhada de Cecília Honório, a bloquista considera que os hospitais devem ter “uma urgência básica para doentes com problemas menos urgentes”, os quais devem estar separados fisicamente dos restantes serviços e com “médicos diferentes”. Do seu ponto de vista, esta medida permite “atender os utentes dentro de um prazo normal” e, ao mesmo tempo, “desbloqueia as urgências propriamente ditas para os problemas de facto emergentes”.

Afirmando que o Bloco vai continuar a “bater-se pela defesa do Serviço Nacional de Saúde, pelo financiamento e pela contratação dos médicos e dos restantes profissionais”, Helena Pinto adiantou que o projecto de lei que vai ser apresentado visa “contribuir para a resolução do bloqueio que existe nas urgências”.

O diploma refere que "a criação, nos hospitais, de serviços de urgência básica associados às urgências polivalentes ou médico-cirúrgicas é uma forma de atender às necessidades de 46% dos utentes de forma mais rápida e adequada".

De acordo com o projecto-de-lei, "todos os pontos classificados como serviços hospitalares de urgência polivalente e médico-cirúrgica passam a dispor de um serviço de urgência básica, a funcionar de forma articulada e integrada, instalado em espaço próprio no respectivo hospital".

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