Críticas do BE a exercício da NATO "em nada ajudam" Portugal

Ministério da Defesa reagiu a comunicado do BE, que acusou a iniciativa de surgir num contexto em que o “povo português, já fustigado pela austeridade, dispensa jogos de guerra”, sustentam os bloquistas.

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A NATO “é o símbolo da submissão da Europa aos ditames dos EUA”, diz o BE AFP/PETER MUHLY (arquivo)

O Ministério da Defesa reagiu esta quinta-feira, às críticas de dirigentes do BE a propósito da realização de um exercício da NATO em Portugal, sustentando que "este tipo de posições em nada ajudam ou servem os interesses de Portugal". O ministério tutelado por José Pedro Aguiar-Branco contestou ainda a ideia de que a iniciativa estivesse relacionada "com o actual momento de formação de um novo Governo, como sugere o Bloco de Esquerda", garantindo que o NATO Tridente Juncture estava previsto e em preparação desde Maio de 2013. 

A  reacção governamental vem no seguimento de um comunicado da coordenadora distrital de Beja do Bloco de Esquerda (BE) manifestando a sua oposição à realização da primeira fase do exercício da NATO Trident Juncture 2015 em Beja. No exercício militar, que se iniciou a 3 de Outubro no Regimento de Infantaria n.º 1 da cidade, participam militares do comando do Estado-Maior do Joint Logistic Suport Group (JLSG) e do Forward Element do Joint Force Command Brunssum.

O BE criticou a iniciativa por se realizar numa altura em que o “povo português, já fustigado pela austeridade, dispensa jogos de guerra” como o Trident Juncture 2015, que os bloquistas classificam como “um desperdício inadmissível de recursos, particularmente inoportuno durante a formação do novo governo”, destacando que “Portugal é, ao que parece, um país soberano, não um protectorado da NATO”.

Os bloquistas de Beja manifestam ainda o seu “mais profundo desagrado” pela realização de um exercício da NATO em Beja, recordando que a cidade se viu “livre, no final dos anos 80, de uma base aérea alemã utilizada inúmeras vezes para trânsito de armamento pela aviação dos EUA e da NATO, em particular nas crises no Médio Oriente”.

O protesto dos bloquistas de Beja sustenta que a NATO “é o símbolo da submissão da Europa aos ditames dos EUA e o seu braço armado na disputa imperial com a Rússia”, um posicionamento que representa um “enorme risco” para a paz na Ucrânia e na Síria e que pode alastrar à Turquia, ao Cáucaso e aos Balcãs.

A coordenadora do BE de Beja sustenta ainda que o fim da “guerra-fria”, em vez de ter resultado na dissolução da NATO, levou a organização a reforçar “o seu carácter belicista a nível global”, destacando os conflitos armados no Afeganistão, Iraque, Líbia.

O fracasso desta estratégia, acentua, “está patente na Síria, com o reforço dos fundamentalismos e o surgimento do Estado Islâmico”.

 

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