Bloco chama independentes às europeias para calar os críticos

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Enric Vives-Rubio

O BE quis dar um sinal de abertura na elaboração da lista ao Parlamento Europeu que leva a votos no dia 25 de Maio. Na escolha dos 21 nomes que apresenta na corrida para Bruxelas, o partido fez um esforço deliberado para calar os críticos ao elaborar uma lista paritária e aberta a nomes fora do partido. Estão lá quatro promotores do Manifesto 3D, o movimento político que integra Carvalho da Silva, Daniel Oliveira e Ricardo Paes Mamede.

O objectivo era não ficar com o ónus de um processo de convergência falhado, lançado pelo 3D e pedido pelo Livre, para uma candidatura o mais ampla possível à esquerda do PS. A inclusão de vários independentes na lista e, em especial, nos lugares elegíveis – os três primeiros, no caso do BE - representa esse sinal. Depois da cabeça de lista e actual eurodeputada Marisa Matias, só em quinto lugar vem um dirigente de primeira linha do partido, João Teixeira Lopes.

Ao PÚBLICO, o líder do BE, João Semedo, justificou a elaboração da lista com a necessidade da esquerda dar uma resposta forte e alternativa nestas eleições. “É uma lista muito representativa do país que luta contra a austeridade. Metade são independentes, metade são mulheres, cidadãos imigrantes e emigrantes, com académicos e investigadores mas também operários industriais”, afirmou.

A actual eurodeputada Alda Sousa, que substituiu Miguel Portas, que morreu há dois anos, não faz parte da lista. Ao que o PÚBLICO apurou, a ausência de Alda Sousa foi concertada com a direcção do partido. Tanto a ainda eurodeputada como o partido estiveram aparentemente de acordo com a saída de Bruxelas.

Embora a direcção do BE tenha definido a eleição de dois eurodeputados como o objectivo para este sufrágio, a reeleição de Marisa Matias é a verdadeira aposta do partido para estas eleições. Nas últimas europeias, em 2009, o partido obteve um resultado surpreendente ao conseguir eleger três eurodeputados, o último Rui Tavares, que dois anos depois rompeu com a direcção do BE.

Da lista composta por 11 homens e dez mulheres e que, segundo Semedo, “enche as medidas da esquerda“, fazem parte quatro promotores do Manifesto 3D - Manuel Carlos Silva, Mariana Avelãs, José Goulão, Cláudio Torres -, um membro do Bloco Democrático de Angola, Juca Jorge Carlos, e uma activista da causa palestiniana, Shahd Wadi.

Depois de Marisa Matias seguem-se João Lavinha e Cláudio Torres, respectivamente. João Lavinha é investigador na área da biologia molecular humana e foi director do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. Cláudio Torres é arqueólogo e foi prémio Pessoa em 1991.

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