Passos está "derrotado" e "em choque com a realidade", dizem PCP e BE

Partidos reagem à entrevista de Pedro Passos Coelho à edição desta semana do Expresso.

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Pedro Filipe Soares na abertura das jornadas Maria João Gala

Acreditar que a maioria PSD/CDS pode renovar a maioria absoluta depois de quatro anos de políticas de austeridade mostra um primeiro-ministro "em choque com a realidade e com a política", afirma o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, a propósito da entrevista de Passos Coelho ao Expresso. Para o PCP, mostra também um Governo "derrotado", mas nem por isso menos "perigoso, já que reafirma a intenção de prosseguir com a mesma política".

"O primeiro é um choque com a realidade, quando [Passos Coelho] demonstra não perceber as dificuldades que a sua política, as suas escolhas tiveram sobre a vida das pessoas, em matérias fundamentais como o acesso à saúde, o acesso à educação, o acesso a um emprego e a uma vida com futuro e os resultados que tiveram com desemprego, com a emigração", disse Pedro Filipe Soares à Lusa.

"Estas demonstrações de alheamento de Pedro Passos Coelho demonstram como ele está em choque com a realidade e com a sua política. E quem está em choque com a realidade, quem não percebe o mal que fez ao País, só pode tirar a conclusão de tentar disputar uma maioria absoluta. E aqui entra o choque com a política", acrescentou o dirigente do BE.

Pedro Filipe Soares reagiu desta forma à entrevista do primeiro-ministro ao Expresso, na qual Passos Coelho admite que vai lutar por uma maioria absoluta nas próximas legislativas, mas não fecha portas a uma coligação com o CDS-PP, nem a um Governo de bloco central com António Costa.

Para o dirigente bloquista, Passos Coelho quer apenas "baralhar o jogo para criar alguma confusão, quando tenta demonstrar uma grande abertura para coligações”. "Na prática, a conclusão que podemos retirar é que é um primeiro-ministro a tentar segurar-se ao poder. A conclusão que retiramos, também, sobre estas circunstâncias, é que quem está do lado da austeridade, de facto, não terá um voto de confiança dos portugueses nas próximas eleições", disse.

"Creio que essa é a mensagem mais forte que poderemos tirar - e que Pedro Passos Coelho já está a sentir -, na medida em que não se consegue definir quanto à forma como se apresentará a eleições", concluiu.

PCP diz que é "compreensível" abertura ao PS
Já o PCP afirmou que a entrevista é própria de um "derrotado" e de um Governo "perigoso", considerando ainda compreensível a abertura deixada a uma coligação com o PS. 

Estas posições foram assumidas em declarações aos jornalistas por Vasco Cardoso, membro da Comissão Política do PCP, à margem de um encontro nacional promovido por este partido no pavilhão Paz e Amizade em Loures, subordinado ao tema "Soluções para o país". "Trata-se de uma entrevista de um primeiro-ministro derrotado, de um Governo derrotado, mas nem por isso menos perigoso, já que reafirma a intenção de prosseguir com a mesma política que está a conduzir o país para o desastre", reagiu o dirigente comunista.

Vasco Cardoso referiu-se depois em tom crítico ao facto de Pedro Passos Coelho ter dito ao "Expresso" que o seu executivo PSD/CDS comeu o pão que o diabo amassou. "Quem comeu o pão que o diabo amassou foi o povo português com a destruição do emprego, com os cortes nos salários ou destruição do Serviço Nacional de Saúde. Foram três anos para esquecer do ponto de vista da ação governativa", contrapôs.

O membro da Comissão Política do PCP declarou ainda compreender "o desafio e de certa forma a disponibilidade do primeiro-ministro para futuras coligações com o PS". "De facto, nos últimos 38 anos, PSD, CDS e PS alternam-se no poder, mantendo no essencial a mesma política - uma política que favorece os interesses dos grupos económicos e financeiros e distante das aspirações e dificuldades que o nosso povo enfrenta. Este ano de 2015, com a luta dos trabalhadores, pode ser um ano de mudança a sério, dando uma resposta às aspirações do povo e que passa pelo reforço do PCP e da CDU", sustentou.


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