BE e PS têm posições "em muitos aspectos convergentes"

João Semedo, coordenador do Bloco, diz que "não há nenhuma proposta conhecida para qualquer entendimento à esquerda" nas autárquicas.

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João Semedo reuniu na tarde de segunda-feira com António José Seguro Daniel Rocha

O coordenador do Bloco de Esquerda (BE), João Semedo, defendeu esta segunda-feira que a construção de um governo de esquerda é "um processo" que "exige" a demissão deste Governo, novas eleições e que "depois se façam as contas" para uma maioria social e política.

"Um governo de esquerda é um governo que se constrói e pratica uma política ao contrário da que está no memorando, o memorando protege os bancos, um governo de esquerda defende as pessoas; o memorando destrói a economia, um governo de esquerda constrói e faz emprego; o memorando é o paladino das privatizações, um governo de esquerda defende os serviços públicos, foi isto que dissemos ao PS", afirmou o líder bloquista.

João Semedo, que falava aos jornalistas no final de uma reunião entre a nova direção do BE e a do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, disse que os dois partidos têm posições "em muitos aspectos convergentes" em relação às autárquicas do próximo ano, mas que "não há nenhuma proposta conhecida para qualquer entendimento à esquerda".

O coordenador do BE disse ter confrontado o PS com a "urgência" de "demitir este Governo, fazer eleições e abrir espaço para um governo de esquerda", mas não esclareceu qual foi a posição da direcção socialista.

"O PS dirá o que entender e seguramente vão ouvir o PS a seguir, eu não me substituo ao PS, o governo de esquerda é um processo, exige que este Governo seja demitido, que haja eleições e que depois dessas eleições se façam as contas e se encontre essa maioria social e política para um governo de esquerda", respondeu, questionado sobre se houve receptividade de António José Seguro.

Perante a insistência dos jornalistas sobre se esse objectivo é possível sem o PS, João Semedo respondeu: "Veremos quem está disponível para um governo de esquerda nas bases em que nós acabámos de defender: um governo que tenha uma política que olhe para a economia, o emprego, as pessoas e não faça o que o memorando está a fazer, que é mais défice, mais dívida, mais facilidades para quem tem muitos rendimentos, isso é exactamente o oposto".

"Um governo de esquerda que tenha por programa o memorando não é um governo de esquerda, a política do memorando não muda em função do governo que concretiza esse programa, não é por ser o PS ou o PSD a executar o memorando que este passa a ser de direita ou de esquerda, o memorando é o que é, é mau para o país, os resultados estão à vista", advertiu.

Interrogado sobre quando será a reunião da direção do BE com o PCP, João Semedo disse que os dois partidos estão ainda "a acertar uma data conveniente".

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