BE apela “directamente” ao PS para solução de Governo que “salve” o país

Catarina Martins critica Presidente da República por chamar o líder da coligação de direita antes de estarem contados os votos dos emigrantes. É uma questão de “respeito institucional”.

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Catarina Martins Nuno Ferreira Santos

O apelo não é novo, mas surge com mais insistência. A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, voltou a insistir nesta segunda-feira na disponibilidade desta força política para dialogar com os socialistas, aos quais apelou “directamente”, para uma solução de Governo que “salve” o país. As condições para que tal aconteça mantêm-se: não flexibilizar despedimentos, não descapitalizar a Segurança Social, não reduzir pensões. Respeitando estas três linhas vermelhas, pode haver diálogo, se o PS se mostrar também disponível.

Catarina Martins falou na sede do Bloco, depois da reunião da Comissão Política, na qual se analisaram os resultados eleitorais: o Bloco foi “a força política que mais cresceu no país”, em “todos os concelhos”, retirou “votos à direita” e transformou-se na terceira força do país. Apesar de o PSD e CDS terem tido mais votos, “nunca a direita teve um resultado tão baixo”, disse ainda.

E voltou a insistir no apelo que já tinha feito ao líder socialista antes da campanha eleitoral e ao longo dela. A candidata eleita pelo Porto apelou “directamente” ao PS, garantindo ter a certeza de que também a CDU “estará presente” e “não faltará à chamada”. E lembrou que os partidos que tiveram “três milhões de eleitores”, que têm “mais de 50 por cento dos deputados” no Parlamento, fizeram campanha eleitoral prometendo romper com o ciclo da direita. “É portanto preciso que hoje, em Portugal, sejamos consequentes com o que foi a campanha”, disse, frisando que aqueles três milhões de eleitores têm de ser respeitados.

Questionada sobre se, ao contrário do que já afirmou em relação à coligação de direita, o BE admite deixar passar um programa do PS, Catarina Martins reiterou que os bloquistas nunca disseram que tratariam da mesma forma um governo minoritário da direita e o PS e que, mesmo existindo “grandes diferenças” entre o programa do BE e o do PS, estão “disponíveis para conversar”.

Como “nenhuma força tem maioria absoluta”, todas “terão de se encontrar para criar soluções de estabilidade para o país”, disse. E sublinhou: o BE está disponível para “conversar com o PS sobre uma solução de estabilidade”, mas para isso é preciso que o PS também diga “se quer conversar com a esquerda” ou “prefere dar estabilidade a um governo minoritário de direita”. Sobre a possibilidade de o BE viabilizar um orçamento, caso o PS respeite as três condições colocadas, a porta-voz reafirmou que está disponível para conversar, mas nunca abdicando da protecção das pensões, salários e emprego.

Catarina Martins deixou ainda duas críticas: uma ao presidente da Comissão Europeia por considerar que os resultados das eleições mostram que os portugueses querem manter as políticas até agora seguidas e outra ao Presidente da República que está a tomar “decisões apressadas”. A porta-voz entende que Cavaco Silva se está a precipitar ao chamar na terça-feira o líder da coligação de direita, antes de estarem contados os votos dos emigrantes, que foram “muito mal tratados” nestas eleições. Mesmo que estes votos não alterem os resultados, é uma questão de “respeito institucional”.

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