BE acusa Governo de "esconder" acordo com a troika sobre novos cortes

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Daniel Rocha

O coordenador do Bloco de Esquerda (BE) acusou o Governo de "esconder" o acordo com a troika sobre cortes nas pensões e salários da Função Pública e Durão Barroso de ser um "especialista em branqueamentos", nomeadamente do fascismo em Portugal.

Em Braga, João Semedo considerou a forma do cálculo de reformas que consta num documento da Comissão Europeia e que aponta a intensão de indexar o valor das reformas a critérios económicos e demográficos, como sendo uma "treta", porque deixa na "dependência exclusiva da vontade dos governantes" o valor das reformas.

Ainda sobre o aumento do salário mínimo, também referido naquele relatório, o coordenador do BE acusou Pedro Passos Coelho de se "lembrar" desta questão porque "dá certamente votos" para PSD e CDS-PP.

Referindo-se ao episódio do briefing com os jornalistas que envolveu o secretário de Estado da Administração Pública, que revelou a intenção do Governo de alterar a forma de cálculo das pensões, Semedo apontou que hoje se ficou a saber que, "afinal de contas", só foi revelado "aquilo que o Governo já tinha acordado com a troika". Ou seja, "o corte nos salários, o corte nas pensões, nos serviços públicos, o desemprego na administração pública, tudo para reduzir a despesa pública a partir do ano de 2015".

Para João Semedo, José Leite Martins "merece uma salva de palmas porque teve coragem de dizer ao país aquilo que o Governo escondia que já tinha acordado com a Comissão Europeia, o FMI e com a troika". Segundo o coordenador do Bloco de Esquerda, "ficamos a saber que pensões e reformas deixam de estar dependentes do que cada um desconta, para ficar ao sabor da vontade dos governos que podem, a qualquer momento, alterar o valor de reformas e pensões".

Semedo considerou "treta" a forma de cálculo avançada no relatório: "Dizem que vão ficar indexadas à economia, ao crescimento económico, à evolução demográfica e a um conjunto de outros indicadores com uma relação entre os inactivos e activos. Treta. Isto significa que deixam de ficar dependentes do que cada trabalhador desconta para ficarem na dependência exclusiva da vontade dos governantes."

Além do primeiro-ministro e do Governo, também Durão Barroso foi alvo de críticas por parte de João Semedo. "Lembrou-se agora de Portugal, seguramente porque há eleições para o Parlamento Europeu, que dizem respeito ao seu PSD e a ele próprio, pessoa interessada em eleições não para o Parlamento Europeu mas as presidenciais", disse.

Segundo João Semedo, "Durão Barroso mostrou-se nestes dois dias um especialista em branqueamento" porque "tentou branquear o passado do PSD no BPN e vem agora tentar branquear o passado fascista do nosso país". Isto porque, explanou, "apesar de algumas liberdades cortadas - é assim que [Durão Barroso] se refere a 48 anos de ditadura fascista - encontrou méritos na educação do regime fascista". Mas, salientou, "esqueceu-se das brutais taxas de analfabetismo, em que só ia à escola quem tinha pais que a pudessem pagar".

A discussão sobre o salário mínimo, cujo aumento é referido no documento da Comissão Europeia, não passa para Semedo de "conversa da treta" por parte do primeiro-ministro. "O primeiro-ministro não pretende aumentar o salário mínimo, pretende aumentar os votos do PSD E CDS", acusou.

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