Bancada parlamentar do PS ataca redução de deputados proposta por Seguro

Número significativo de deputados critica ideia do actual líder, classificada como “demagógica”.

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António José Seguro Enric Vives-Rubio

Alberto Martins ainda tentou remediar a situação ao propor uma reunião da comissão política do PS para debater a proposta da redução do número de deputados, mas por essa altura o divórcio entre a direcção e o grupo parlamentar parecia já irreversível.

A primeira reunião da bancada socialista depois do anúncio de António José Seguro sobre as propostas de reforma do sistema político foi dura para a liderança. Foi uma avalancha de críticas e acusações que caiu sobre o secretário-geral, que não compareceu em São Bento. Ao longo das intervenções, foram-se sucedendo os epítetos negativos. A proposta foi classificada como “demagógica” e “populista”.

As hostilidades arrancaram com um dos pesos-pesados do PS. De acordo com relatos recolhidos pelo PÚBLICO, o ex-secretário-geral e vice-presidente da AR Ferro Rodrigues tomou a palavra para assumir a sua “vergonha”, quando se viu confrontado com o agendamento potestativo, ontem, na conferência de líderes.

Alberto Costa, ex-ministro da Justiça, que nos últimos anos tem sido um dos promotores dos pedidos de fiscalização ao TC dos orçamentos do Estado de Passos Coelho, também atacou a proposta.

Um outro ex-ministro, Vieira da Silva, acusou o líder de tentar provocar uma confrontação interna no PS.

Jorge Lacão, que esta semana tinha já condenado o timing da proposta, criticou o facto de Seguro e Alberto Martins terem avançado com a proposta sem a apresentarem ou debaterem com a bancada. E defendeu mesmo uma votação no seio do grupo que expressasse a divergência em relação aos projectos.

O deputado João Soares contestou ao PÚBLICO a argumentação dos críticos. “Também eu teria gostado de ter sido ouvido por José Sócrates, na comissão política ou no grupo parlamentar sobre o memorando da troika e não fui. E o memorando está em vigor…”

O deputado e presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Delgado Alves, depois de fazer notar a ausência de Seguro, desqualificou ainda a forma como a proposta chegara ao Parlamento. Em vez de um projecto de lei, a deliberação apresentada estava ao nível “de uma moção sectorial” ao congresso – sem detalhe ou concretização efectiva.

Entre os argumentos arrolados contra Seguro estava também o facto de a redução do número de deputados não estar referida em qualquer documento programático da sua liderança.

No centro do furacão ficou o líder parlamentar, Alberto Martins, que subscreveu a proposta com Seguro. Ainda tentou evitar a sublevação da bancada ao propor uma reunião da comissão política do partido, o que gerou uma segunda ronda de intervenções, em que se destacou o “absurdo” que representava – depois de já estar agendado debate – ouvir agora a estrutura interna do PS.

Ao início da tarde, a Lusa noticiou que o secretário-geral do PS convocou para o próximo dia 30, dois dias após as eleições primárias socialistas, a reunião da comissão política para discutir a reforma do sistema político.

Fonte oficial da direcção adiantou que a reunião da comissão política nacional do PS será aberta à participação de todos os deputados da bancada socialista.

 

 

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