Associação 25 de Abril diz que Cavaco Silva é "chefe de facção"

O Presidente da República "sentenciou quais os partidos políticos que podem ascender ao poder, injuriou o partido que não fez os acordos que ele acha que devem ser feitos", diz a associação presidida por Vasco Lourenço.

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Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril Foto: Daniel Rocha

A Associação 25 de Abril repudiou nesta sexta-feira a mensagem do Presidente da República, na qual indigitou Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro, considerando que Cavaco Silva é "um chefe de facção".

Para a associação que representa os militares que fizeram a revolução do 25 de Abril de 1974, o Presidente da República "assumiu-se como um chefe de facção, ofendeu a Constituição da República, de que deveria ser o principal defensor, e violou drasticamente a separação de poderes entre os órgãos de soberania".

Em comunicado assinado pelo presidente da direcção, Vasco Lourenço, os militares referem que Aníbal Cavaco Silva "apelou à ingerência de instituições e organizações estrangeiras nos poderes soberanos da República Portuguesa, decidiu que os votos dos portugueses não têm igual valor e de que lhe cabe a ele definir quais os válidos e os que apenas servem para 'fazer de conta'".

O Presidente da República "sentenciou quais os partidos políticos que podem ascender ao poder, injuriou o partido que não fez os acordos que ele acha que devem ser feitos", diz ainda a mesma associação.

"Manifestamos o nosso repúdio e a nossa condenação pela actuação de quem deveria ser garantia de estabilidade para o país, mas, infelizmente, apenas provoca enorme confusão, desprestígio e indignação popular", conclui a Associação 25 de Abril.

O Presidente da República considerou na sua comunicação ao país de quinta-feira à noite que, apesar do Governo PSD-CDS-PP poder não assegurar inteiramente a estabilidade política necessária, "a alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas" teria consequências financeiras, económicas e sociais "muito mais graves".

"Se o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o país precisa, considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.

Sublinhando que é ao Presidente da República que cabe "de forma inteiramente livre" fazer um juízo sobre as soluções políticas com vista à nomeação do primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ser "significativo" que não tenham sido apresentadas por PS, BE, PCP e PEV "garantias de uma solução alternativa estável, duradoura e credível".

Nas eleições legislativas de 4 de Outubro, a coligação Portugal à Frente obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP), o PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.

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