As réplicas da "vitória de Pirro"

O PS teve uma "vitória de Pirro" nas europeias. Para compararmos o que é comparável, a bitola era 2004: a direita coligada no poder, as europeias a meio do mandato, as políticas de austeridade (muito mais suaves do que agora, porém), PSD e CDS-PP ("Força Portugal") juntos a concorrerem para o PE, tudo equipara, sem igualar, o contexto.

Os magros resultados do PS (31,45% vs. 44.53%: 2014 - 2004) e da direita coligada (27.71% vs. 33.27%) ficam ainda mais claros. Todavia, por entre uma crise brutal do centro-esquerda na Europa, há vários casos piores do que o PS… mas também há melhores (vide Itália).

Face ao governo mais impopular de sempre, que governa sem mandato político e violando a Constituição, com políticas de austeridade iníquas e de resultados desastrosos, a vitória do PS é ainda mais medíocre. Porque não se diferenciou da direita: entre Junho de 2011 e Setembro de 2012, o PS só votou contra 16.7% das suas propostas no Parlamento; mal o PR estala os dedos vai a correr para se entender com ela (e vide a "reforma" do IRC); etc. E a Troika não legitima isto: o governo tem ido muito para além do memorando de 2011.

A fuga para a frente com reformas institucionais (primárias abertas para escolher o candidato a primeiro-ministro; sistema eleitoral), a par do enquistamento defensivo (recusa de um Congresso e de pôr a liderança a votos), pode parecer típica de um mestre florentino, mas não resolve os problemas porque eles são políticos e não institucionais, além de potenciar impasses.

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