Apoiantes de Seguro ainda pensam numa candidatura alternativa a Costa

Defendem pluralidade nos órgãos nacionais que serão eleitos no Congresso de Lisboa, mas mostram-se preocupados com o “caminho da esquerdização” para onde o futuro líder está a levar o PS.

As garantias dadas esta quinta-feira por António Costas ao PÚBLICO relativamente à pluralidade nos órgãos nacionais do PS poderão ter travado uma eventual candidatura alternativa à do futuro secretário-geral. Mas fontes afectas a António José Seguro dizem que há pessoas disponíveis, mas para já ninguém quer dar a cara. Os apoiantes do ex-secretário-geral dizem que só decidem se desistem de uma candidatura própria a 6 de Novembro, dia quem que António Costa apresentará a moção ao Congresso de Lisboa.

Mas o agitar de uma eventual candidatura alternativa a Costa não tem apenas a ver com a questão da pluralidade nos órgãos nacionais, vai para além disso. Seguro saiu de cena, mas os seus apoiantes estão activos e temem “o caminho da esquerdização” - é assim que o classificam -, que António Costa está a tomar ao chamar para a liderança do grupo parlamentar Ferro Rodrigues e ao entregar a vice-presidência da bancada a Vieira da Silva. Alguns deles lembravam, de resto, que quem assinou o memorado com a troika foi o PS e que alguns daqueles que defendiam que a dívida devia ser suspensa estão com Costa, numa alusão ao deputado Pedro Nuno Santos que, num jantar de Natal do PS, disse que se estava a “marimbar para o banco alemão que emprestou dinheiro a Portugal nas condições em que emprestou”.

“Com esta gente fica-se com a ideia de uma certa esquerdização no PS e isso é preocupante. Isto é o regresso ao passado e o futuro do país não passa pelo passado”, disse ao PÚBLICO  um apoiante de Seguro nas primárias. A mesma fonte, que pediu para não ser identificada, lembra que o PS quando ganhou eleições foi ao centro e não à esquerda, e adverte que as legislativas de 2015 não estão ganhas. Marinho e Pinto, que lidera o Partido Democrático Republicano, e Rui Tavares, do Livre, vão tirar muitos votos ao PS, acreditam apoiantes de Seguro.

Rui Prudêncio, amigo pessoal de Seguro, tem também algumas reservas em relação ao futuro líder. “Se António Costa tiver a capacidade de olhar para o lado e entender que somos todos necessários, o PS pode ganhar as legislativas, de outra forma não o conseguirá”, afirma ao PÚBLICO. E deixa um aviso: “Mais importante que a unidade é a mobilização e a mobilização faz-se permitindo a todos a sua quota de trabalho naquilo que é o projecto político do PS para o país”.

 

  

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