Costa e Seguro vão angariar donativos para a campanha interna

Candidaturas entregaram nesta terça-feira assinaturas e revelaram mandatários. Orçamentos previstos ultrapassam os 160 mil euros.

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Costa e Seguro numa acção de campanha nas autárquicas de Setembro de 2013. Nuno Ferreira Santos

Não representarão a parte significativa dos gastos mas, mesmo assim, ambas as candidaturas às primárias do PS tencionam recorrer aos donativos para financiar as respectivas campanhas.

Nesta terça-feira, a comissão eleitoral recebeu, na sede do PS, as delegações das candidaturas de António Costa e António José Seguro às eleições que vão decidir quem será o candidato do PS às legislativas.

Foi Carlos César, o ex-presidente do Governo Regional dos Açores, quem anunciou a estimativa prevista pela equipa que apoia o autarca. O projecto de orçamento totaliza os 163 mil euros. Desses, precisou, “cerca de 13 mil euros” provirão da recolha de donativos ao longo da campanha. Para demonstrar a intenção de ter uma campanha “o mais transparente possível”, César deu ainda conta da nomeação de Agostinho Abade como mandatário financeiro.

Do lado de Seguro, foi o ex-secretário-geral da UGT, João Proença quem avançou com um orçamento de 165 mil euros. O também dirigente nacional do PS escusou-se a adiantar qual a verba que a campanha estimava angariar em donativos. Apenas reconheceu que o projecto estimava "algumas contribuições de militantes".

No entanto, Carlos César adiantou que contava receber 150 mil euros do partido, o que permite inferir que do lado de Seguro se preveja uma verba à volta dos 15 mil euros em donativos.

A questão dos donativos tem sido matéria de análise no processo devido ao carácter original desta iniciativa. A lei que fiscaliza as contas partidárias, não prevê a vigilância de eleições primárias. No caso das candidaturas avançarem com a angariação, estas ficariam fora de qualquer capacidade de fiscalização da Entidade das Contas do Tribunal Constitucional.

A campanha de Costa, no entanto, já hoje avançou com uma proposta para tentar responder ao problema. “Se recebermos donativos, queremos canalizá-los através do PS”, explicou César. Desta forma já seria possível à Entidade das Contas monitorizar essas verbas, uma vez que a fiscalização das contas anuais dos partidos analisa também a angariação de verbas ao longo do ano.

Os orçamentos não, no entanto, uma questão fechada. Caberá à comissão eleitoral definir, por exemplo, quanto receberá do partido cada contendor. Nos contactos que têm sido feitos nas últimas semanas, ficou a percepção de que essa verba rondaria os 150 mil euros para cada candidatura. Mas o surgimento de uma terceira candidatura faria encolher o orçamento, uma vez que o PS não inclinado a ir além dos 300 mil euros totais.

E ambas as candidaturas admitem cortar nos gastos. “Se as receitas não forem suficientes, terão de se reduzir as despesas”, reconheceu Proença. César afirmou mesmo ter defendido junto da comissão eleitoral que “o PS gaste o mínimo possível”.

O ex-ministro socialista Jorge Coelho, que lidera a comissão eleitoral, evitou grandes considerações, optando por anunciar pouco mais do que o lançamento de um tempo de antena sobre as primárias, “meramente indicativo” e sem “caras de ninguém”.

Juntamente com os orçamentos, as equipas de campanha entregaram um conjunto de documentação exigida para a formalização da candidatura. Ambas entregaram 1500 assinaturas de apoiantes, bem como a nomeação dos respectivos mandatários nacionais (ver caixa).

Entretanto, os serviços do PS confirmaram terem já registo da inscrição, através da internet, de 21.500 pessoas que se identificaram como simpatizantes e pretendem votar nas primárias de Setembro. Estas não representam a totalidade, uma vez que existem também inscrições submetidas em papel. As inscrições online abriram no dia 14 deste mês e encerram a 12 de Setembro.

Para mais tarde ficará a Moção Política sobre as Grandes Opções de Governo, o documento programático que o regulamento exige a cada candidatura. Tanto Proença como César garantiram que o texto será entregue antes do prazo fixado, a 14 de Agosto. 

Manuel Machado é mandatário de Seguro
O de António Costa já tinha sido anunciado. O de Seguro ficou a conhecer-se esta terça-feira. O presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, será o mandatário nacional do actual secretário-geral do PS nas eleições primárias. O nome de Manuel Machado foi anunciado poucos momentos antes de uma delegação de apoiantes de Seguro formalizar a candidatura às eleições primárias de 28 de Setembro. A documentação foi entregue pelo líder parlamentar do PS, Alberto Martins, e pelos dirigentes socialistas João Proença, João Soares e Jamila Madeira. Na sede do PS, Alberto Martins voltou a defender aquelas que eram as diferenças que separam as candidaturas. "É um projecto de valores, com uma divisão clara entre política e negócios, visando o aprofundamento da democracia. Neste caminho, não estamos apenas a dar passos de combate ao Governo, mas também passos significativos em defesa da democracia e de uma mudança estrutural necessária para Portugal."

Por seu turno, Costa escolheu o seu mandatário nacional, Carlos César, para entregar a documentação, tendo sido acompanhado por José Manuel Mesquita e pela deputada do PS, Ana Catarina Mendes. "Sentimos que esta candidatura é de socialistas e de não socialistas. É uma candidatura de portugueses que têm esperança numa vida nova e em Portugal", sustentou Carlos César.

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