Amaro da Costa andava armado, afirma Nuno Melo

O eurodeputado esteve no Parlamento para fazer o ponto de situação dos trabalhos da comissão sobre Camarate a que presidiu

Foto
O eurodeputado disse que foi o antigo chefe de gabinete de Amaro da Costa que lhe fez a revelação Nelson Garrido

Adelino Amaro da Costa, ministro da Defesa do Governo de Sá Carneiro e uma das vítimas da queda do Cessna, em 4 de Dezembro de 1980, andava armado. A revelação foi feita pelo eurodeputado Nuno Melo, que nesta quinta-feira depôs na X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate.

“Adelino Amaro da Costa andava armado com arma de calibre de guerra depois de ter manifestado a sua preocupação pela venda de armas ao Irão”, disse o dirigente do CDS/PP que compareceu na Assembleia da República na sua condição de presidente da VIII comissão parlamentar. O eurodeputado precisou que foi o antigo chefe de gabinete de Amaro da Costa que lhe fez a revelação.

Na sua presença perante a comissão de inquérito, Melo fez o ponto da situação em que ficaram os trabalhos da comissão que presidiu. E, acima de tudo, apresentou uma cronologia dos acontecimentos que indicia a relação da sabotagem do avião com a oposição do ministro da Defesa do Executivo da Aliança Democrática à venda de armas portuguesas. Assim, em Abril de 1980, Amaro da Costa não autorizou a venda de armas à Guatemala, na altura em Guerra Civil, à ditadura Argentina, e, em Agosto daquele ano, à Indonésia, então potência ocupante de Timor-Leste. Em 2 de Dezembro de 1980, solicitou informação à Direcção-Geral de Armamento sobre a exportação de armas para o Irão.

Segundo Nuno Melo, um dias depois da queda do Cessna, a 5 de Dezembro, a autorização de venda de armas passou do Ministério da Defesa para a Direcção-Geral de Armamento, através de autorização do gabinete-adjunto do Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas. O eurodeputado indicou, ainda, que a 9 de Dezembro de 1980 e em Janeiro de 1981, foram vendidas armas ao Irão.

Contudo, a venda de armas portuguesas não teve apenas como destino o Irão. O Iraque e os contra da Nicarágua foram outras pistas admitidas pelo deputado comunista Jorge Machado. Em todas estas vendas, o parlamentar do PCP admitiu o envolvimento do Fundo de Defesa Militar do Ultramar.

Sugerir correcção
Comentar