Alegre acompanha Seguro na luta do PS pela maioria absoluta

Histórico socialista concorda com maioria absoluta pedida pelo líder do PS no congresso do partido e diz que é tarde para o Governo querer dialogar com Seguro.

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Alegre esclareceu que não foi ao congresso por motivos de saúde Rui Gaudêncio

O histórico socialista Manuel Alegre manifestou-se “farto” da palavra consenso, defendeu que “o grande consenso” é a Constituição e apoiou o pedido de maioria absoluta feito pelo secretário-geral do PS, António José Seguro.

Manuel Alegre argumentou ainda que o discurso do Presidente da República, Cavaco Silva, no 25 de Abril, não foi equilibrado, e que Seguro “fala verdade” e por isso reconheceu que continuarão a ser precisos sacrifícios.

À margem da apresentação do romance “Tudo é e não é”, no Palácio Galveias, em Lisboa, Alegre disse na segunda-feira aos jornalistas que António José Seguro fez “muito bem” em pedir uma maioria absoluta no encerramento do Congresso do PS, no domingo. “O Partido Socialista deve desejar a maioria absoluta e deve lutar por ela. Aliás, será sempre a solução mais estável dada a dificuldade de coligações, num ou noutro sentido”, sustentou.

“A crise política já existe”

Confrontado com o facto de o calendário eleitoral só apontar para eleições dentro de mais de dois anos, Alegre respondeu: “Isso ninguém sabe, a avaliar por aquilo que se passa dentro do Governo, ninguém pode garantir isso. Mesmo que o Presidente da República não queira crise política, parece que a crise política já existe e se agravou com aquilo que se está a passar dentro do Governo”.

O poeta e histórico socialista afirmou não ter ido ao Congresso por razões de saúde, mas acompanhou os trabalhos à distância e faz “uma leitura positiva de um congresso de unidade e de afirmação, que obviamente reforçou o Partido Socialista, para dentro e para fora”.

Sobre a afirmação por parte do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de que o Governo está “absolutamente aberto a encontrar pontes de diálogo e entendimento” com o PS sobre “matérias de fundo” como o crescimento, Alegre considerou que “é tarde”. “Isso é uma manobra de diversão para tentar justificar o seu falhanço e a sua incapacidade de dialogar e de fazer consensos. Aliás, já estou farto de ouvir a palavra consenso”, afirmou.

“O grande consenso político é a Constituição da República e quando há consenso é preciso saber sobre o quê, não se pode pedir ao Partido Socialista um consenso contra a sua própria história e contra tudo aquilo que são os seus valores, sobretudo, contra tudo o que está consagrado na Constituição, os serviços públicos, os factores sociais do Estado”, sustentou.

“Seguro não fala demagogia”

Para Alegre, actualmente há um consenso, “contra este Governo” e de “vontade de mudar de Governo e de política e de dar a palavra ao povo”. Confrontado com o facto de Seguro ter dito no Congresso que o rigor orçamental e os sacrifícios não vão desaparecer, o histórico socialista respondeu que o líder socialista “fala verdade, não fala demagogia”. “Nós estamos numa situação muito difícil, evidentemente que vai ser preciso continuar a ter uma disciplina orçamental e a fazer alguns sacrifícios”, declarou.

Manuel Alegre distinguiu a austeridade que está a “destruir a economia” e “um Governo que quando negoceia com os credores não o faz do ponto de vista da defesa do interesse nacional” de um Governo que “tenha uma posição equilibrada e que seja capaz de falar grosso à troika e aqueles que estão por detrás da troika”.

Sobre a não inclusão de nomes tidos como próximos do ex-primeiro-ministro José Sócrates na lista à comissão nacional, recusou comentar: “Há sempre revisões, não vou interferir nisso”. Não entraram na Comissão Nacional do PS os deputados Fernando Serrasqueiro, José Lello, Isabel Santos e Renato.

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