Cavaco acredita que zona euro se mantém sem a Grécia: "Ainda ficam 18 países"

O Presidente da República afirmou que referendo grego “surpreendeu toda a gente” embora tenha acrescentado que, no seu caso, “há muito tempo que pensava que (…) as coisas iam acabar mal”.

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Cavaco Silva Enric Vives-Rubio

O Presidente da República afirmou esta segunda-feira que "a zona do Euro irá sobreviver com a mesma força que teve no passado", já que, apesar de acreditar que a Grécia não vai sair, se isso acontecer ainda ficam 18 países.

"Eu penso que o Euro não vai fracassar, é uma ilusão o que se diz. A zona do Euro são 19 países, eu espero que a Grécia não saia, mas se sair ficam 18 países", respondeu Cavaco Silva aos jornalistas em Paços de Ferreira, à margem da quinta jornada do roteiro para uma Economia Dinâmica.

Na opinião do Presidente da República, "a zona do Euro irá sobreviver com a mesma força que teve no passado" e foi peremptório: "Quanto a isso eu não tenho dúvidas, mas é bom não especular".

"Agora existem países que querem aderir à zona do Euro. Ainda há pouco tempo os países bálticos fizeram tudo para integrar a zona do Euro e estão muito satisfeitos com a zona do Euro", acrescentou.

Questionado sobre a reposta que espera que os gregos dêem no referendo, Cavaco Silva disse não ser capaz de antecipar aquela que será a resposta, considerando que eles "serão soberanos para decidir qual o caminho".

"Mas foi uma decisão que surpreendeu toda a Europa. Não se entende. E eu também digo que não entendo esta jogada para a frente", criticou.

O Presidente da República recordou, ainda, que os contribuintes europeus já emprestaram à Grécia muito mais do que 200 mil milhões de euros e que até Portugal emprestou bastante dinheiro à Grécia.

O Presidente da República português disse ainda esperar que os "gregos acabem por regressar à mesa das negociações", considerando que tal será benéfico para a Europa e que um incidente financeiro grego não afectará significativamente o crescimento económico português.

"Eu espero bem que os gregos acabem por regressar à mesa das negociações. É meu convencimento de que isso será benéfico para a Europa no seu conjunto, também para Portugal e para a Irlanda, e será benéfico para a Grécia. Há muito tempo que pensava que, pela forma como os negociadores gregos estavam a actuar, as coisas iam acabar mal. Mas eu formulo votos para que a Grécia volte à mesa das negociações e continue a ser um país do Euro em pleno direito", disse Cavaco Silva .

Contágio, mas pouco
Na opinião de Cavaco Silva "algum contágio ocorrerá a toda a zona do Euro, não apenas a Portugal, mas neste momento a União Monetária tem instrumentos que permitem enfrentar um incidente financeiro grego muito melhor do que aquilo que aconteceria há dois anos", acreditando que "o crescimento económico português não será significativamente afectado".

"Gostaria que houvesse um entendimento. Acreditar é coisa diferente", respondeu.

O Presidente da República foi peremptório: "O regresso da Grécia, aceitando as condições que foram colocadas sobre a mesa e que pressuponho que tiveram em conta os pedidos que as autoridades gregas formularam, era a melhor solução para a União Económica e Monetária".

"Eu penso que todos podem sofrer algum contágio negativo, mas a minha convicção e com os elementos que disponho é que é possível conter esses efeitos negativos. Penso que Portugal está numa situação semelhante à Irlanda, à Espanha e à Itália", defendeu.

Para o Chefe de Estado, "em matéria de contágios não há diferenças entre nenhum destes países", considerando que se as instituições utilizarem os instrumentos que têm à sua disposição, "os efeitos podem ser minorados".

"Quanto àquilo que está a acontecer hoje, as bolsas estão a cair dentro das previsões, as taxas de juros das obrigações a 10 anos estão a subir mas menos do que aquilo que era esperado", ressalvou.

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