A semana do PS

A semana que começa é a do Partido Socialista. Tutelados por um governo que nos constrange e em que ninguém acredita, a esperança está de novo no PS.

No dia 28 de Setembro, os militantes e simpatizantes do PS votarão nas chamadas “primárias” e escolherão o seu “candidato a primeiro-ministro”. Sendo novidade, esta votação não garante, à partida, que este método para escolher o líder seja o mais adequado. Problemas com as inscrições e com os votos poderão ensombrar a decisão, sobretudo se a vitória de um dos candidatos for pouco expressiva, dando origem a discussões de resultados que só prejudicarão o partido.

Sendo uma eleição no PS, é também uma eleição para o país. Os portugueses verão clarificadas as suas opções de voto para as legislativas de 2015; e a possibilidade de uma alternativa clara ao nosso triste estado verá finalmente a luz do dia. 

A campanha de Costa e Seguro não correu bem. Onde os portugueses aguardavam soluções, surgiram ataques pessoais (Seguro) e uma inesperada contenção em propostas concretas (Costa). Quando esperávamos uma visão diferente do futuro de Portugal (em relação ao PSD/CDS), encontrámos um discurso pouco mobilizador à volta de palavras vagas como investimento, crescimento e inovação, que já não entusiasmam ninguém.

Depois dos dois primeiros debates (escrevo antes do terceiro, que penso pouco decidirá), tudo ficou mais claro. Alguém deve ter dito a Seguro para ser mais agressivo e outros por certo aconselharam Costa a permanecer calmo. Na TVI, Seguro dominou o debate, mas usou argumentos inaceitáveis num partido democrático: por muito que possa doer, é um direito inalienável de qualquer militante lutar pela melhoria do partido, o que pode significar disputar a liderança em qualquer momento. O discurso de vitimização do actual secretário-geral, ao acusar de traição o seu adversário, pode encontrar eco nalgumas almas sensíveis mas, no momento da verdade, os votantes escolherão sempre o candidato que sintam com mais hipóteses de vencer as legislativas. Ao dramatizar com a demissão se tiver de aumentar impostos, Seguro obtém um efeito fácil, mas mostra desde já a sua frágil capacidade de enfrentar os graves problemas do país. Ninguém pode ter a certeza das condições que irá encontrar e ameaçar com a demissão revela irresponsabilidade.

Costa recuperou bem na SIC. Percebeu que era preciso ser mais contundente e que um debate nunca está ganho se não se lutar pela vitória. Feito o balanço, aparece aos olhos dos portugueses como um político mais experiente, mais sereno e mais credível.

O eleitor das primárias tem de decidir: vai votar em Seguro e avalizar uma estratégia de crítica pessoal ao carácter do adversário, depois de três anos de oposição baça e resultados medíocres? Ou vai apostar em Costa, porque o sente mais competente, mais experiente e mais capaz de liderar um governo que nos traga um Portugal melhor?

Na hora da verdade, todos sabemos que os programas não são o essencial. É a intuição e o conhecimento das competências de um político que sempre acabam por ditar a nossa escolha. Costa tem mais experiência política, maior capacidade de estabelecer alianças à esquerda e superior entusiasmo para mobilizar o país. Com Seguro, agora “retocado” como contundente, todos sabemos que tudo continuará na mesma.
Mesmo que Seguro o considere “à janela da câmara” (expressão reveladora da pouca qualidade de quem a usou), Costa será sempre a melhor solução.

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