15 mil pensionistas e reformados saíram à rua contra cortes

Protesto contra cortes nas pensões e reformas e na saúde. MURPI quer ter assento na concertação social, a par dos patrões e sindicatos.

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Patrícia de Melo Moreira/AFP
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Pelo menos dez mil reformados, pensionistas e idosos manifestaram-se este sábado em Lisboa, a par de outros cerca de cinco mil em diversas cidades espalhadas pelo país. Protestaram contra os cortes nas pensões e reformas, pediram melhor acesso à saúde e exigem sentar-se à mesa da concertação social.

Em Lisboa, o percurso ligou a Praça do Município ao Rossio, enquanto no Porto o caminho foi entre as praças da Batalha e a D. João I. Em ambas participaram muitos idosos e reformados, mas também pessoas mais novas, que ainda trabalham, mas que se juntaram ao protesto por solidariedade. Além destas duas cidades, a marcha "Por Abril, Contra os Roubos nas Pensões" organizada pela Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI) decorreu também em Guimarães, Covilhã, Coimbra e Faro.

Além das palavras de ordem nos cartazes e na voz de muitos manifestantes, também se ouviu várias vezes aquele que é considerado o hino da revolução de 1974, Grândola, Vila Morena. A que se juntavam, aqui ou ai, cantares tradicionais, como foi o caso de vários grupos de cantares alentejanos, em Lisboa. No Rossio foi lida uma resolução que vai ser enviada ao Presidente da República, ao Governo e ao Parlamento.

Casimiro Menezes, presidente do MURPI, disse que terão sido pelo menos 15 mil os manifestantes que saíram à rua nas diversas cidades. “Ultrapassou de longe as expectativas” da organização, que esperava ter nas ruas entre cinco e seis mil pessoas. E salientou que até havia nas ruas quem, apesar das dificuldades de mobilidade, tivesse feito questão de marcar presença.

Os reformados, pensionistas e idosos protestam, na área da Segurança Social, contra os sucessivos cortes e pelo “direito à pensão que permita manter a sua autonomia financeira”; na área da saúde criticam o facto de o acesso aos cuidados de saúde estarem cada vez mais distantes e mais caros”, resumiu o líder do MURPI. A que somou a pretensão antiga daquela organização mas para a qual não tem recebido resposta: ser considerada mais um parceiro social e ter assento no Conselho Económico e Social, o órgão constitucional de consulta e concertação nos domínios económico e social.

Nas ruas da baixa lisboeta estiveram os secretários-gerais do PCP, Jerónimo de Sousa, e da CGTP, Arménio Carlos, que até distribuiu cravos vermelhos a quem passava.

Jerónimo de Sousa apenas viu passar a manifestação, distribuiu beijos e abraços, aplaudiu e foi aplaudido, e regozijou-se com a luta dos idosos e reformados, considerando ser um protesto “com muito significado”. Porque disse, “são homens e mulheres que fizeram a sua parte, trabalharam e esperavam uns últimos anos de vida condignos”. Agora, acrescentou, “foram atingidos por estes cortes, que são uma extorsão dos seus direitos. É gente que é tratada pelo Governo como se fosse descartável porque já não está na produção”.

O líder do PCP disse ser de valorizar o esforço de tantos idosos que ainda hoje, apesar de terem rendimentos baixos, ajudam o resto da família, os filhos e os netos. “É de valorizar o esforço dos reformados e pensionistas: estão a defender a sua reforma ou pensão, mas estão aqui também a pensar nos filhos e netos. Não temos isto no resto da União Europeia”, vincou. Ao ouvir-se cantar Grândola, Vila Morena, Jerónimo de Sousa lembrou que estava ali “muita gente da geração que fez Abril. É normal que cantem a Grândola. É uma luta com actualidade.”

Arménio Carlos também se juntou ao protesto realçando a atitude combativa dos mais velhos, que “não se resignam”. Este sábado “deram o exemplo” e mostraram que “não estão condenados a ficar na exclusão e no isolamento”. "Estão aqui a dizer que são cidadãos de primeira, como qualquer outro, independentemente de estarem reformados”, vincou o líder da CGTP.

Lembrando as declarações do Governo sobre novos cortes na despesa do Estado e as novas medidas nas pensões, com a extensão da CES – Contribuição Extraordinária de Solidariedade, desde este mês, às pensões a partir dos mil euros, quando até aqui se aplicava apenas a partir dos 1350 euros, Arménio Carlos desfaiou os juízes do Tribunal Constitucional a pronunciarem-se.

“O TC não pode deixar de ter em consideração estas declarações do Governo e do próprio primeiro-ministro, Esperamos que se pronuncie, em breve, considerando estes cortes inconstitucionais e mande devolver aquilo que é, por direito próprio, dos reformados e dos pensionistas", afirmou o sindicalista.

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