Setembro de 2014

Setembro é o mês que, antecipando o pior ou o melhor, nunca nos desilude.

Setembro é sempre o mês para o qual transferimos as esperanças frustradas, não tanto de Agosto, como do Verão de que ainda faz parte.

Setembro é o mês patético em que todos cremos, com uma religiosidade vingativa, que vai estar sempre calor. E está sempre calor, mas só de vez em quando está muito calor, conforme os critérios eternos do Verão.

Setembro é o mês em que nasceu a minha mãe; é o mês em que me casei e é capaz de ser (mas, lá está, só chegando Setembro, em desespero de causa) o meu mês preferido, considerando todas as poucas qualidades e todos os poucos defeitos que tem.

Setembro é o mês que, antecipando o pior ou o melhor, nunca nos desilude. É o último mês de Verão (75 por cento Verão) comparado com o mais celebrado primeiro mês de Verão: Junho, que é pouco mais de 25 por cento do Verão. Nesses 50 por cento de diferença estão as nossas esperanças e desilusões.

O Setembro de 2014 vai ser, em Portugal pelo menos, um mês de prolongamento do Verão e de adiamento do Outono. Em Agosto somos exigentes e intratáveis. Em Setembro somos esperançosos e facilmente agradecidos. O verdadeiro mês de Setembro, entre nós, é o de Outubro. É o mês de Outubro que guarda as surpresas mais bem-vindas de um Outono inteligente - ou estupidamente - adiado.

É em Setembro, que agora começa, que nos lembramos, com malícia, de Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro (o terço insuportável do ano).

Ainda falta um bom bocadinho. Gozemo-lo enquanto existir.

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