O povo numa piscina

Formou-se uma comunidade de fustigados, adoradores tanto dos salpicos como das cachoeiras do Atlântico.

A Praia Grande é fenomenal: uma sucessão de acontecimentos surpreendentes e sentidos.

Por muitas vezes que lá se vá - sejam várias por dia - a paisagem é sempre diferente e, sobretudo, é sempre, ao mesmo tempo, paisagem distante - que se vê ao longe e se admira, como quem se deixa hipnotizar - e paisagem presente - em que nos sentimos mergulhados, tendo a alegria e a glória de termos a certeza de fazermos parte dela.

O ano passado foi o milagre das lagoas. Delicie-se a habituar-se a ler e ver o blogue Rio das Maçãs de Pedro Macieira para saber das maravilhas (e das monstruosidades) da freguesia de Colares.

Este ano é o milagre da piscina do Hotel das Arribas. Nas tardes de lua cheia e de lua nova, com a bandeira vermelha em brasa por toda a Praia Grande, as ondas gigantes entram pela piscina adentro, encharcando os acólitos, de braços levantados, com as magníficas águas oceânicas.

A Maria João e eu estamos sempre lá caídos, literalmente. Mas o mais engraçado é que se formou uma comunidade de fustigados, adoradores tanto dos salpicos como das cachoeiras do Atlântico. São crianças, adolescentes, pais, mães, casais e famílias. Ao sermos baptizados pela mesma torrente de água benta gritamos, rimo-nos e falamos uns com os outros.

Não interessam nem as idades nem as formalidades; nem os conhecimentos nem as barreiras do costume, entre pessoas que não se conhecem mas congregam - com o maior espírito gregário - para se divertirem. Em grupo.

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