O Dicionário de Oxford elegeu selfie como a palavra do ano. Selfieé uma autofotografia, normalmente partilhada nas redes sociais. Para se ter uma noção do número absurdo de selfies que são tiradas, neste momento já há mais selfies do que fotografias de refeições empratadas.

A quantidade de palavras novas que surgem a partir da tecnologia é incrível. Só na última hora surgiram mais 14 neologismos. Consigo precisar um número tão específico porque fui eu que os inventei.
 

A escolha de sépia — a angústia de não conseguir decidir qual dos filtros fica melhor numa fotografia. “A Ana está destroçada com a Escolha de Sépia que vai ter de fazer. Tirou uma foto linda a um bife tártaro e não sabe se há-de aplicar o Purple Haze ou o Lo-Fi.”

Applertheid — regime em que é discriminado quem possui aparelhos de marcas que não a Apple. “O que é que o Jorge está aqui a fazer com um Galaxy? Não sabe que isto é um ‘applertheid’? Estes pirosos e os seus Samsungs… Se vejo aquele bonequinho do Android, vomito!”

Cronolonge – a posição do ano de nascimento na barra cronológica, nos formulários online. “Estou a ficar velho. Quando indico a minha idade, tenho de ir muito ‘cronolonge’. Quando abro o scroll, o máximo que se vê é 1990.”

Engooglir — quando teimamos numa informação que, depois de consultado o Google, é desmentida. “O Manel garantia que o ph da urina é 4, mas quando foi à Internet viu que afinal é 6 e teve de ‘engooglir’.”

Flashdó — a pena que se sente das pessoas que fazem parte de uma flashmob. “O que é que aquelas pessoas estão a fazer? Espera, aquela idosa começou a dançar! E o empregado de mesa também! Que pífio, coitados. Estou com ‘flashdó’.”

Instagrambígua — uma rapariga que, pelas fotos que posta, não se consegue perceber se é gorda ou se é magra. “A Marisa é ‘instagrambígua’. Tanto publica fotos em que está bem boa, como outras em que parece um vitelo.”

Miúfafacebook — medo que uma pessoa tem de ir ver o que estão a dizer de si no Facebook. “O Afonso acordou com um gatinho tatuado na testa. Não se lembra de nada da noite de ontem. Está com ‘miúfacebook’ de descobrir.”

Napalmensagem — quando se manda sms, mail, whatsapp e mensagem no FB, tudo ao mesmo tempo, só para ter a certeza que chega ao destinatário. “Porra! O Mário acaba de me bombardear com uma ‘napalmensagem’. Quer mesmo que eu lhe pague os 50 euros!”

Refrexcitado — o homem que está sempre a carregar no refresh, em sites porno, para ver se há vídeos novos. “O Hugo não gosta de ver repetições de filmes antigos no Bangbus. Está sempre ‘refrexcitado’ à espera dos novos.”

Retretuite — é o “tuite” que se “retuita” quando se está no WC e se aproveita para actualizar as redes sociais. “O Nuno está há mais de meia hora a mandar ‘retretuites’. Deve ter almoçado feijoada.”

Schadenfone — o prazer secreto que se sente ao ver o pânico de alguém que perdeu o telefone e não tem backup. “Quando vi a Gabriela a chorar por ter ficado sem os contactos e os mails, não consegui deixar de sentir ‘shadenfone’. Felizmente, tenho tudo na nuvem!”

Shaolinkdin — pedido para adicionarmos ao Linkedin, vindo de alguém que acabámos de conhecer. “Mal tinha saído da reunião, ainda antes de entrar no elevador, e ele já me tinha mandado um ‘shaolinkedin’. Rapidíssimo. Parecia um ninja dos contactos profissionais!”

Wikimissa — diz-se da informação que não consta da Wikipédia. “Na Wikipédia está o nome de solteira da mãe da Beyoncé, mas o peso com que nasceu é ‘wikimisso’.”

Zoombar — gozar com uma pessoa que está a tentar fazer zoom com os dedos num ecrã que não é táctil. “O meu filho foi castigado porque ‘zoombou’ da professora quando ela quis aumentar o ecrã de televisão.”

Esta crónica foi publicada da Revista 2 na edição de domingo 1 Dezembro de 2013