Editorial: PISA ou a importância da continuidade

Ao longo da última década, os alunos portugueses evoluíram significativamente em áreas como a Matemática, as Ciências e a Leitura. Esta é a tónica do relatório PISA 2012, apesar de os resultados do último triénio evidenciarem uma estagnação face a uma progressão que foi particularmente veloz entre 2006 e 2009.

Vale a pena ler estes resultados numa dupla perspectiva. A visão de longo prazo, sublinhada pela OCDE, mostra um país que subiu de divisão e desvaloriza o abrandamento registado desde 2009. Na visão de curto prazo, a pergunta que há a fazer é esta: sendo a situação globalmente positiva, por que não continuaram estes resultados a melhorar ao ritmo que vinha de trás?

É preciso ter cuidado com as simplificações – a OCDE diz que o desempenho a Matemática permaneceu positivo nos últimos três anos, por exemplo. Não se trata de passar do optimismo fácil ao pessimismo drástico. Mas sim de perguntar por que é tão difícil em Portugal manter uma consistência e continuidade das políticas numa área tão importante como a continuidade.

É a essa continuidade que os países asiáticos devem a extraordinária progressão que lhes permitiu desalojar os países escandinavos no topo deste ranking da OCDE.

Em Portugal, prefere-se a ideologia ao pensamento a longo prazo. Algumas das práticas seguidas no período em que os indicadores portugueses subiram mais foram abandonadas. No entanto, a evolução dos resultados mostra que o que vinha de trás não era a escola “facilitista”, mas uma escola inclusiva e capaz de conduzir a bons resultados.

Quando assumiu a pasta da Educação, Nuno Crato contestou as opções do passado em nome de um regresso à exigência. Sendo certo que o PISA não é a única medida de avaliação de um sistema de ensino, ele mostra que as políticas anteriores foram capazes de satisfazer ao mesmo tempo os critérios de exigência e de inclusão. É uma matéria sobre a qual este Governo devia reflectir.

 
 
 
 

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