Cartas à directora

O fenómeno da "tabletização"...

Setembro é sinónimo de fim de férias e de recomeço das aulas para centenas de milhares de alunos. Estão prestes a terminar três meses de um longo período de férias que, para muitos pais, parecem nunca mais ter fim... Explico-me: sou professor e desde que terminaram as aulas em junho passado foi raro o dia em que não assistisse na rua, no café ou na praia a situações de pais sem qualquer tipo de paciência para estarem com os seus filhos. Os mesmos pais que, em período de aulas, apenas estão com os seus filhos de manhã e à noite (sim, porque durante o dia, os professores é que estão com  eles!). Aliás, se repararmos bem, muitos dos adolescentes de hoje passam mais tempo com os professores do que com os próprios pais. E, ironicamente, muitos pais não se importariam nada que a escola ficasse com os seus filhos para lá da hora do final das aulas!!!

Ora, neste verão, parece que pegou a moda da "tabletização". Explico-me novamente: muitos pais, para não serem "incomodados" (sim, eles sentem-se mesmo incomodados!!!) pelos próprios filhos, deixam-nos estar, horas a fio, com os "tabletes". Aliás, nestas férias, não houve um único dia em que não assistisse a este tipo de cena: pais e filhos mudos no café, agarrados às tecnologias, sem diálogo e apenas a ouvir-se os sons dos jogos dos "tabletes" dos miúdos...

E assim temos esta nova geração a ser educada à moda da "tabletização", estratégia utilizada por muitos pais para que os filhos não os "chateiem"!!!

Pedro Peixoto, Viseu

Notícias do nosso querido e saqueado Portugal

O cidadão Horta Osório, um dos banqueiros de top europeu, quiçá mundial, palestrou a convite da reitoria laranja nas suas universidades de verão, para colmatar o analfabetismo político que grassa nas gentes de Portugal.

E, às tantas, o douto crânio ao serviço do deus capital, afirmou com toda a sapiência que se impunha que só vamos para a frente com mais reformas estruturais.

Mas quais e que mais? Só se for para esmagar de vez os mesmos de sempre, ou continuar-se na senda do apadrinhamento de todos aqueles ‘cordeiros’ de topo que têm desgraçado o país, obrigando ao êxodo de muitas centenas de milhar de compatriotas, fugindo — migrando para sempre da terra que os viu nascer, mas nela coagidos a terem somente ‘uma mão à frente e outra atrás’ para viver. 

Parece-me que, após a privatização dos CTT, logo se pensou formar um banco o Banco CTT. E, de facto, assim foi, uma vez que no passado 25/8, num telejornal, isso ouvi.

Portanto, mais um quinhão de grande valor estratégico e financeiro que cai nas mãos não sei de quem.

Lembro a todos que, aquando da minha vida de bancário, entre 1969 e 1996, já nessa altura se falava na criação de um banco postal. Todavia, os nossos ‘íntegros’ governantes e seus dilectos conselheiros nunca pensaram em tal facto, ou talvez o tivessem deixado a cozinhar em lume brando, a fim de o sector privado, mais uma vez, obtenha de mão beijada ou por tuta e meia aquilo que há muito tinha em mente. Ou será que tenho uma mente perversa?

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Sugerir correcção
Comentar