cartas à directora 29/08

Jogos do Poder

"Jogos do Poder" é o titulo de um livro de Paulo Pena, jornalista e repórter do PÚBLICO, em cuja capa logo está escarrapachado o seguinte desabafo: toda a verdade sobre os bancos portugueses e a forma como criaram a dívida que temos que pagar
E, no seu introito, se a isso pode ser chamado, temos lá um pequeníssimo excerto, tirado de uma longa entrevista que Giorgio Agamben, filósofo italiano, deu em Agosto de 2012.
Ei-lo, o excerto: 'Deus não morreu; transformou-se no dinheiro. O Banco – com os seus peritos e autómatos sem rosto – tomou o lugar da Igreja e dos padres, e através do controlo do crédito (até emprestando dinheiro ao Estado, que abdicou da sua soberania flagrantemente), manipula e gere a fé – a escassa e incerta fé – que ainda subsiste no nosso tempo'.
Depois, o Governo do Passos e do Portas, mais o grupo que acolita o inquilino de Belém, ele mesmo, bem como os porta-vozes deles mesmos, colocados em vários órgãos da Comunicação Social ou em outros postos de comando, afrontam-nos incessantemente com slogans propagandísticos e altamente insultuosos de que: somos piegas; maus profissionais; que vivemos acima das nossas possibilidades; se não temos emprego, que o busquemos fora de portas, emigrando, porque não são os nossos paizinhos; que é altamente criminoso pedirmos o aumento do salário mínimo; que eles, sim, merecem tudo que ganham e que nos roubam; que somos uns biltres mal-agradecidos; e outros epítetos gramaticais cada vez mais baixos.
Pergunta final: será que merecemos isto, ou ainda muito mais?
José Amaral, VNGaia
 
 A Festa

Chamam-lhe também “A Romaria das Romarias”, mas eu não acho essa etiqueta de cola rápida muito feliz. Caeiro dizia que “o Tejo não é mais belo do que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”. As festas, como os rios, não valem por comparação ou relação com os seus pares, mas pela forma como são sentidas e vividas pelos seus. A romaria da Srª da Agonia, de Viana do Castelo, é sentida de forma única, intensa e empenhada, por quem a vive e muito especialmente pelos seus. Também não é métrica revelante as toneladas de ouro que saem à rua no desfile da mordomia. Haverá quem tenha muito gosto em ourar abundantemente o peito, mas não é essa quantidade que torna a festa mais bela.
Na minha opinião, o que há de muito particular nesta festa, e conjuga-se certamente no feminino, é aquele pisar a rua com a cintura apertada entre as mãos, tronco bem direito e cabeça levantada, sorrindo. Gente que no resto do ano passa quase sem se ver, nestes dias transforma-se e afirma-se com a autoridade fatal do sorriso. Naqueles dias as ruas são delas e nada a contestar, muito pelo contrário, a agradecer.
Carlos J F Sampaio, Viana do Castelo

Desigualdades

O Papa Francisco esforça-se por combater as desigualdades e afirmou que a crise que estamos a viver é a crise da pessoa, que já não conta, só o dinheiro conta (07/06/2013). Apesar destes apelos, ficámos agora a saber, por declarações de Christine Lagarte, que as 85 pessoas mais ricas do mundo (cabem num autocarro de 2 andares) possuem mais do que metade da população mundial, ou seja, 3,5 mil milhões de pessoas, e que o aumento da desigualdade foi provavelmente acelerado pela crise. Esses 85 mais ricos do mundo têm entre si 17 trilhões de dólares. Há, portanto, mais mundo que não cabe nem no autocarro nem na vida. É neste pobre mundo que vivemos.
Gustavo Reis, Ferragudo

PÚBLICO ERROU

No artigo "Fnac abre novas lojas em Oeiras, Faro e Setúbal à espera do franchising", a Fnac veio esclarecer que a diferença de facturação com IVA entre 2012 e 2008 com IVA foi de nove milhões de euros e não de 50 milhões de euros como é referido.

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