Cartas à directora

Já não há debate!

Já não vai acontecer um debate alargado sobre as legislativas na televisão. Que aborrecimento! Não é, senhor Passos Coelho? Não é, senhor Portas? Oh para vós preocupados com o défice de cidadania política!

Permitam-me, na minha imbecilidade natural — a doença que padecem os não iluminados, simplicíssimos cidadãos que pouco contam, nem mesmo para votarem uma ou duas questões, desconhecimentos meus:

Quando se apresenta uma coligação a votos, representa-a no debate ao povo, um, ou dois, ou mais ainda? Os coligados fazem uma lista: o chefe, o sub-chefe, o resto do rebanho. Quem fala por todos? O chefe, o chefe e o sub-chefe, estes e o rebanho inteiro? Faz-se um acordo entre os candidatos e os meios de comunicação. Qual é a validade desse acordo? Para sempre, só por um bocadinho, ou até que apeteça?

Tanta pergunta, põe-me tonto. Pessoalmente até vos agradeço a não comparência, porque a minha educação cívica obrigar-me-ia, mesmo a contragosto, a assistir atentamente a esse debate. Assim sendo terei um jantar em família muito mais tranquilo. Por outro lado, não nego que gostaria de ter a oportunidade de me sentir útil na escolha do próximo governo do país, neste caso, ouvindo os diferentes pontos de vista, a argumentação e contra-argumentação, ficando com a sensação (patética, eu sei!) que esse confronto ajudaria a minha decisão de voto.

Olha, não faz mal, voto NÃO neles todos, pode até ser que haja muitos sim aos não, e então logo se verá!

Luis Robalo, Lisboa

Choveu na festa

Terminaram as festas da Sra da Agonia deste ano em Viana do Castelo, marcadas pela chuva e não só. Uma manifestação popular desta dimensão é e deve ser feita principalmente pelo povo. É absolutamente impossível e irrealista presumir que possa ser organizada da mesma forma como se produz um simples concerto musical. Dentro do orçamento para a sua realização, uma parte significativa e largamente maioritária do contributo deve vir das “vontades” do povo, que até são gratuitas.           

Parece, no entanto, não ser essa a tendência recente, dado o desenvolvimento de uma tutela pela autarquia, excessiva aos olhos de muitos. Particularmente polémica este ano foi a burocratização do Desfile da Mordomia, talvez o ponto mais alto e mais impressionante do programa, pela obrigatoriedade duma pré-inscrição. Se a preocupação com o rigor nunca deva ser pouca, precisamente por isso uma simples fotografia prévia é fraco garante do mesmo.

Um momento bastante constrangedor foi precisamente o controlo da entrada no referido desfile em que uns seguranças pesadamente trajados (a rigor) exigiam, sem cerimónias, o salvo-conduto às mordomas que se apresentavam na entrada. Recolhiam-no com determinação, como se estivessem a receber os cartões de consumo devidamente carimbados na saída de uma discoteca (que raio de festa…!). Ironicamente, o rigor aqui começava e acabava na simples existência de um papel.

Há certamente um equilíbrio a encontrar entre espontaneidade e organização e numa escala destas não existem soluções sem senão. De uma coisa tenho, no entanto, a certeza: não é por decreto.

Carlos J F Sampaio, Esposende

PÚBLICO ERROU

O programa Isso é tudo muito bonito, mas apresentado por Ricardo Araújo Pereira será exibido na TVI e não na TVI24 como estava referido no texto publicado ontem neste jornal.

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