Cartas à Directora

Esperança?

Tem-se escrito e falado muito sobre a baixa taxa de natalidade. E até está na moda centrar discursos eruditos sobre a necessidade de melhorar a demografia. A verdade é que muitas das opções do nosso Governo têm vindo a matar a Esperança, a esfrangalhar o Futuro. Tudo tem servido para desanimar os nossos jovens.

Tem havido, como já muitos de nós, e muitas vezes, temos dito, a política do fecha-fecha, e até a aprovação de normas que desencorajam o empreendedorismo...

Até as escolas são fechadas; os professores – os que ainda não foram corridos – são punidos com uma quantidade anormal de trabalho administrativo que podia – e devia – ser feito por outro tipo de trabalhadores, mas depois o Estado poderia ser acusado de ter muitos funcionários. E continua a falta de profissionais nos hospitais .

Às vezes, colocam na comunicação social umas informações de que está tudo a melhorar: é o PIB, são os juros, são as exportações... Mas os nossos jovens continuam a ter de emigrar, para não falar nas políticas concertadas para manter o desemprego, do esmagamento dos reformados, do corte de apoio aos deficientes e tantas outras opções que não dão Esperança a criar família e ter filhos.

As lágrimas dos avós caem todos os dias por este presente tão duro e pela agonia de uma perspectiva de vidas sem felicidade.

Maria Clotilde Moreira, Algés
 

A TAP e a Terra do Nunca

A TAP voa para a “Terra do Nunca”. A transportadora aérea portuguesa foi a menina dos olhos do Estado Novo. Nos tempos que já lá vão, os produtos e as marcas nacionais eram considerados património do Estado. Hoje, com um Governo submetido ao grande capital internacional, o que é nacional é mau! A TAP foi considerada a companhia aérea mais segura do mundo para viajar. Apesar de a legislação do Estado Novo e de o slogan salazarista de "A Mulher para o Lar" imporem autorização para as hospedeiras poderem casar-se, era um orgulho para uma mulher ser hospedeira da companhia aérea das quinas! Tempos que já lá vão. Depois de conquistar os mares e dar novos mundos ao mundo, a TAP é gerida por um brasileiro! Nada que envergonhe a companhia!

Contudo, não há gestores portugueses com capacidade para “voar”? O deus Ícaro recebeu as asas fabricadas por Dédalo, seu pai.

As asas foram coladas aos ombros com cera. Conta a lenda que Ícaro, contra os conselhos do pai, tanto se aproximou do Sol que as asas derreteram. Portugal, país de sol e mar, tanto tem e pouco explora, sendo “derretido” pelas agências de rating.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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