Cartas à Directora 24/11

Subvenções vitalícias aos ex-políticos!

Só terem pensado na ideia e ter sido expressa pública e publicadamente de voltarem a ser repostas as subvenções vitalícias aos ex-políticos, fez arrepiar todo o País que não foi, não é, e espera nunca ser “político”.
E isto pela simples razão de que todos nós, “não políticos”, estamos a sofrer na pele cortes em tudo, a começar pela decadência do País, e se podemos ser culpados por “passividade” excessiva, nunca o seremos por actividade demasiada, dado “isso” competir a todos os políticos que por lá andam, andaram e se calhar, se nada mudar, andarão.
E não há que ter medo de dizer, que só a ideia de “isto” ser possível acontecer, esta reposição acontecer, deveria fazer corar todo e qualquer político. Mais que não fosse, por continuarem a não entender qual é a sua função, e como a não estão a cumprir.
Não estão, por o País ir de mal a pior, a cada dia que passa. Não estão, por não terem conseguido/sabido passar uma imagem de credibilidade das políticas e dos próprios políticos. Não estão, por não terem dado, nunca, justificações exactas em tempo certo, do que se estava a passar, de facto com o nosso País, e por terem sempre ou quase, usada a táctica de nunca, nunca assumirem culpas próprias, de as atirarem preferencialmente para todos os outos políticos. (...)
De facto, enquanto assim quiserem continuar o País não se vai levantar, não vamos melhorar, não vamos “dar a volta por cima”, e a cada dia vamos menos acreditar em política e em políticos. (...)
Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Podemos ou Oxalá?

Corre por aí a anedota que diz que na Espanha há o Podemos e que em Portugal vai haver o Oxalá. Tem alguma graça porque caracteriza bem a índole do povo português mas não deixa de ter, implicitamente, uma crítica aos novos movimentos que tem surgido, ultimamente, no panorama político português. A plataforma anunciada, há dias, por Ana Drago e Rui Tavares, entre outros, tem na sua origem algo parecido com o Podemos mas não pode ser confundida com aquele partido espanhol. Aliás em Portugal o fenómeno do Podemos dificilmente poderia surgir porque, de facto, nós somos muito céticos em relação à novidade e a algo que foge aos padrões convencionais. A plataforma cidadã cujo lema é “tempo para avançar” é um projeto de esquerda que tem pernas para andar porque vem ao encontro dos desejos de uma grande franja do eleitorado que está cansada da alternativa entre os partidos ditos do arco do poder e os partidos marxistas-leninistas da extrema-esquerda. O eleitorado português, desconfiado como é, precisa de ter o seu tempo para conhecer o projeto e para ganhar confiança nos seus protagonistas e por isso de facto é este o “tempo para avançar”. Muitas críticas vão surgir de todos os quadrantes porque este projeto traz grandes novidades em termos de participação cívica, na elaboração do programa de governo e na escolha ampla e democrática das listas dos deputados em cada distrito. Neste aspeto está bem longe do culto da personalidade do Podemos e da ambiguidade do seu posicionamento ideológico e torna-se assim bem mais progressista e inovador. Veremos se é desta vez que a voz da cidadania se faz ouvir ao mais alto nível político. Oxalá!
José Carlos Palha, Gaia

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