Cartas à Directora

Cidadania eleitoral - precisa-se!

Dou comigo a pensar no conceito de cidadania perante esta crise política, económica e social que nos envolve a todos. No fundo quem se pode julgar, a si mesmo, um pleno cidadão?

Digo isto a pensar nas centenas de milhar de desempregados, nas outras centenas de milhares com trabalho precário, nos idosos com reformas a encurtar ano após ano, enfim em todos nós que fomos obrigados a mudar o padrão de vida de uma maneira ou outra. Toda esta gente vai confrontar-se em breve com eleições para o Parlamento Europeu e não sente vontade em votar nos mesmos partidos de sempre. Quer ter um dos poucos direitos de cidadania que ainda não lhe roubaram - o votar livremente segundo as suas convicções profundas. Mas, perplexos, continuam a ouvir vozes qualificadas contra quem, à revelia dos partidos, pretende apresentar candidaturas independentes! Que um povo iletrado siga cegamente, por puro clubismo, o voto que o seu partido indica não me espanta; agora que pessoas com formação académica superior, com grande informação e com o mais alto grau de literacia se comportem exactamente na mesma, isso eu não compreendo.

A cidadania fica assim, para mim, em deficit numa e noutra situação. Que mal faz à democracia portuguesa que um grupo de cidadãos concorram ao Parlamento Europeu para lá poderem, mais livremente, sem obedecerem aos grandes blocos políticos tradicionais, expressar o sentimento profundo do povo português?

Cai o governo por isso? O Presidente da República sai diminuido? Seria preferível, então, deixar esse legado aos partidos tradicionais ou à abstenção? Mas basta ler os artigos de opinião no Público ou ouvir Pacheco Pereira, sobre a vida partidária, para se perceber que a cidadania também ainda não entrou para dentro dos seus muros. Se o movimento se chama 3D ou Livre pouco importa, embora seja um mau sinal esta divergência neste momento; o que interessa é que seja o mais abrangente possível e abarque gente de todos os quadrantes, unidos por um denominador comum: a defesa da democracia em Portugal e a denuncia dos maus tratos que a Europa nos tem infligido nos últimos anos. Mostrar aos europeus a realidade portuguesa com verdade e fazê-los reflectir antes de agir punitivamente. Já dizia Abel Salazar que "um médico que só sabe medicina nem medicina sabe!" Eu diria que uma democracia que só fala pela voz dos partidos actuais,com todos os seus condicionalismos, nem democracia é. Mas no fundo valha-nos a fome que ainda existe de participação e de crescimento cívico e essa é uma das virtudes destas iniciativas, quer em forma de Manifestos, quer em listas para o Parlamento Europeu. Assim todos saibam agarrar esta oportunidade!...

José Carlos Palha,  Gaia

 

"Nunocratização" do ensino

O Ministério da Educação e Ciência "nunocratizou-se", pois obriga os professores contratados com menos de 5 anos de experiência a pagarem 20 euros para fazer um ridículo exame. A partir de agora, um desvario de um qualquer ministro pode obrigar um de nós a fazer um estapafúrdio exame profissional e a pagarmos por isso. Mas concedo, antes dos docentes podíamos começar a prova pela classe política afim de avaliarmos se o seu desempenho corresponde aos anseios esperados pelo povo que a elegeu. O custo da prova seria restituir os valores monetários que nos foram sonegados em forma de impostos, como material, os cidadãos levariam uma caneta vermelha  e o interrogatório seria cotado apenas com valores negativos!

Emanuel Caetano,  Ermesinde
 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 

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