cartas à directora 23/08

A economia da “política”

“Isto é uma decisão política”. “Eles não fazem interpretação do Direito. Fazem política pura e dura”.
Cito dois “comentadores” (e ou “editores”) de “economia” quando, em 14/8/2014, comentavam, em duas televisões, as decisões do Tribunal Constitucional (TC), logo após os respectivos relatores terem apresentado publicamente o essencial dos Acórdãos  Nº 574/2014 (reduções das remunerações dos funcionários públicos) e Nº 575/2014 (“contribuição de sustentabilidade” a aplicar às pensões pagas por um sistema público de protecção social).
Não obstante a forma fundamentada, precisa, isenta e acessível às pessoas em geral como o presidente do TC apresentou e fundamentou os acórdãos, não tardou que esta caracterização (como “política”) dos acórdãos do TC e das declarações do seu presidente se ouvissem, nas rádios (incluindo na pública) e nas televisões (incluindo na pública), por quase todos os “comentadores de economia” que por lá “residem”.
Já estamos (quase) habituados (e, cada vez mais, indignados) com a maior parte destes comentadores (e ou “editores”) de “economia”. “Residentes” (quase) exclusivos de uma certa comunicação “social”, são tudo menos independentes. Pelo que dizem, que calam e que distorcem, assumem-se apenas como a “guarda pretoriana” avançada do Governo. Por exemplo, sempre, na perseguição permanente e “sustentada” aos funcionários públicos e pensionistas, como “bodes expiatórios” da incompetência política de quem nos (des)governa.
O Tribunal Constitucional assumiu uma decisão política? Claro! Pela simples razão de o Governo ter assumido (mais) uma decisão inconstitucional, uma decisão contra a Constituição.
E não há nada mais Político (com maiúscula, no seu sentido valorativo mais elevado) do que a Constituição.
Bem! Pensando melhor, talvez haja algo muito mais “político” (com minúscula e aspas): os comentários da maior parte dos “comentadores” de “economia”, “pura e dura”, que por aí “residem” nos horários nobres da rádio e da televisão.
Enfim, como bons economistas, estes “comentadores” e “editores” sabem que, com a economia pelas ruas da amargura dos share, há que – é a vid(inh)a! – fazer render economicamente … a “política”.
J. Fraga de Oliveira, Sta Cruz da Trapa

Serra queimada, serra eucaliptada

A Serra do Caramulo foi pasto das chamas no maior incêndio de 2013. Ouvi e li, na altura, responsáveis a comprometerem-se com a replantação naquele local. Pensei, serão Carvalhos, Castanheiros duas das espécies eleitas para reflorestar a serra reduzida a cinzas. Enganei-me, quantos se enganaram? Foram eucaliptos as árvores escolhidas(!). Altamente combustíveis e da máxima preferência da indústria da pasta de papel. Vem no seguimento da última lei para as florestas... Quem devia decidir qual o tipo de tecido arbóreo a replantar seriam os serviços camarários, com conhecimento próprio da realidade geográfica e das árvores mais indicadas. O Instituto da Conservação da Natureza teria um desempenho de complementaridade. Reflorestar a Serra do Caramulo com eucaliptos é convidar o fogo a voltar a dizimá-la e esta monocultura interessa, verdadeiramente, a quem?...
Vítor Colaço Santos, S. João das Lampas

                                               

 

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