Cartas à directora

Todos somos responsáveis

Os naufrágios que têm ocorrido no Mediterrâneo e que têm provocado milhares de mortes são uma vergonha e um escândalo. Estamos face a uma tragédia que demonstra bem a falta de humanidade e de respeito pela vida e dignidade humanas.

O cenário não pode ser mais dantesco. Pessoas fogem da guerra, das perseguições, da fome e do caos; corpos de crianças, homens e mulheres flutuam na água. Contudo, até há pouco tempo, a resposta foi o silêncio, a indiferença e a passividade. Como é possível que esta situação não diga nada ao Homem?

Como se atrevem alguns políticos europeus a propor como resposta a esta crise humanitária e a este drama migratório bombardeamentos e um bloqueio naval? Como aceitar que outros se limitem a apresentar um plano de intenções para mais patrulhamento e vigilância nas fronteiras, mais investigação sobre as redes de tráfico de pessoas e mais colaboração com os países de origem?

Não tem o mundo ocidental, e nomeadamente europeu, uma responsabilidade mais acrescida e mais forte face a esta triste e chocante situação? Que dizer das políticas anti-imigrantes e xenófobas da UE; da exploração que se tem realizado do continente africano, das guerras que os países industrializados têm animado no referido continente para obter dividendos comerciais e económicos?

É legítimo que defendamos o bem-estar e o conforto dos concidadãos da nossa Europa, mas não será também lógico e compreensível que possamos diminuir as desigualdades entre os países dos vários continentes e valorizar a vida como um valor universal?

É inegável que o problema é complexo e vai muito além da emigração ilegal no Mediterrâneo. A sua resolução exige maior solidariedade e reforço da cooperação entre os diferentes países, no sentido de traçar uma política comum europeia para a migração e uma maior partilha da responsabilidade social global.

Manuel António Rebelo Ferreira, Lamego
 
Destruição de Palmira

Hoje, Palmira e outros locais classificados pela UNESCO como património mundial estão a ser destruídos ou roubados pelo ISIL.
Há uma década que a UNESCO pedia protecção do património no Médio Oriente. E era sabido que o ISIL estava e está a destruir património classificado.

É pois incompreensível que os chamados "Estados ocidentais" e os seus exércitos não tenham sido prontamente enviados para proteger estes locais, que são conhecidos de todos e indicados em mapas publicados online pela UNESCO.

Tal protecção militar era previsível e possível. E ajudaria até a identificar e deter militantes do ISIL.

Esta omissão do Ocidente torna-o, irremediavelmente, cúmplice do ISIL na destruição do património.

Um suicídio cultural.

Frederico S. N. Alcântara de Melo, Paris

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