cartas à directora 19/08

Não podemos ignorar

Disse em Fátima o sr. Bispo do Porto, António Francisco dos Santos, o seguinte: "Não podemos ignorar nem deixar de lamentar as razões que levam hoje tantos portugueses a sair de Portugal, porque aqui não encontram trabalho. A falta de trabalho desumaniza as pessoas e coloca em risco o futuro de um país. "Ora, não professando eu nenhum credo religioso, a verdade é que não posso deixar de elogiar as palavras de preocupação do Sr. Bispo, dirigidas a milhares de peregrinos e não só. Peregrinos esses que aproveitaram a sua deslocação a Fátima para também pedir à Nossa Senhora de Fátima que acabe com o desemprego em Portugal. Ora, com o devido respeito pelos peregrinos e por todos os crentes, entendo que é de louvar tão difícil e bem intencionado pedido à Nossa Senhora, porém (que me perdoem os crentes) eu acho que, enquanto os portugueses e (eventualmente) muitos dos peregrinos continuarem a votar maioritariamente nos partidos que nos condenaram (PS/PSD/CDS) a esta desumanização, será mais do que certo que iremos continuar a sofrer os seus dramáticos efeitos, e então, de facto, só um milagre nos poderá livrar de tanto desemprego, tanta miséria e tanta desumanização. A verdade é que, tal como disse o sr. Bispo do Porto, não podemos ignorar o que está a acontecer ao país, pois o seu futuro está verdadeiramente em risco. Por tudo isto, bem haja D. António Francisco dos Santos, pelo seu alerta.

Arlindo de Jesus Costa, Odivelas

 

 

Passos e o "problema dos pensionistas"...

Passos Coelho despiu os calções de praia e vestiu uma fatiota para discursar no Pontal algarvio, mas nem por isso melhorou a prestação. Entre outras coisas afirmou que "não tem um problema com os pensionistas, o país é que tem" (sic). Depois de três anos de malfeitorias aos mais velhos, designadamente aos que, após várias décadas de trabalho e descontos obrigatórios nos vencimentos, viram as suas pensões encolher drasticamente, é preciso falta de decoro para culpar os pensionistas pelos problemas financeiros da Segurança Social. Os políticos e os vários governos destes 40 anos é que não fizeram o seu trabalho de casa. Porque não modificaram antes o financiamento do sistema? Este Governo tentou apenas aumentar a TSU, ou seja carregar mais ainda as classes trabalhadoras. Mas porque é que não se lembrou de taxar como deve ser o consumo de produtos que fazem mal à saúde, com as bebidas espirituosas e o tabaco. E se não chegasse, aumentar um pouco o IVA? Porque essas medidas pediam coragem, para enfrentar os fumadores e os da classe alta que gostam de beber barato, e as respectivas empresas e grupos económicos estrangeiros que vivem da exploração dessas indústrias! O Governo, como ficou provado à saciedade nestes três anos, foi por onde era mais fácil. Cortar a esmo nas despesas com as classes mais desprotegidas e sem poder reivindicativo efectivo. A tão falada reforma do Estado nunca foi sequer tentada. Alguém acredita no PM, quando só agora, passados três anos e com eleições à porta, é que descobriu que ainda há muita burocracia que tem de ser eliminada a favor de uma economia mais concorrencial? O que é ainda mais triste, é que não se descortina no actual PS quem possa poder fazer diferente e melhor...

Manuel Martins, Cascais

 

 

 

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