Cartas à Directora

PS, onde estás tu PS…?

Já existe um imposto sobre o património imobiliário, chama-se IMI. Pode-se questionar se as avaliações estão corretas, as taxas são justas, os beneficiários são os adequados, no entanto um imposto sobre um património, que eventualmente nem gera rendimento é delicado. É como eu ter um jardim e todos os anos me viram retirar uns metros quadrados do mesmo.

Não posso, por isso, concordar com a ideia de ser justo ir buscar dinheiro a quem o tem. Praticamente todas as formas de acumular dinheiro já têm um imposto em cima do rendimento original. Há demasiada evasão fiscal? Se sim, ataque-se o problema na fonte e não cegamente nos resultados. O simples facto de se ter dinheiro pode resultar de muito trabalho, de muito empenho, de ter assumido grandes riscos ou de ter ganho o totoloto.

O que me preocupa fundamentalmente no entusiasmo e excitação de uma certa esquerda em torno deste direito de saque, é a visão de que riqueza será sempre um pecado a merecer castigo. Esquecem-se que para comermos e vivermos é necessário atividade económica, na agricultura, na indústria e nos serviços e que sem “riqueza” nalgum sítio não há investimentos, não há máquinas para dar trabalho, nem desenvolvimento de conhecimento sequer.

É importante os partidos da esquerda esclareçam qual o modelo económico que defendem e pelo qual lutam. Se se trata de um baseado na livre iniciativa, de regras bem definidas e garantindo justiça social ou uma solução estatizada até não poder mais e onde é pecado ser rico. Em paralelo, por curiosidade, para os defensores da segunda alternativa, apontem um exemplo (basta um) em que este cenário conduziu a uma situação de liberdade, dignidade e qualidade de vida para as respetivas populações. 

PS, onde estás tu PS…?

Carlos J F Sampaio, Esposende

É só fazer as contas

Em tempos de discussão sobre a (in)evitabilidade de regressarmos à austeridade, tão em voga nos partidos da oposição, por, segundo dizem, os actuais rumos serem desastrosos, vale a pena lembrar António Guterres (também em voga, felizmente pelos melhores motivos): “é só fazer as contas”. As conclusões do recente estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos indicam claramente que, sob a influência da troika e da sua austeridade, definhámos, e não só financeiramente. Nada que admire quem se lembre do aviso feito pelo governo anterior de que era imperioso empobrecermos. É o que continuam a querer? Caso regressem ao Poder, só lhes peço que não comecem outra vez pelos mais pobres, e dêem, desta vez, a primazia aos outros, os que apenas poderão ficar menos ricos.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

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