Cartas à Directora

Imposto sobre o "pode"

 

Fontes a que tivemos acesso dizem que o próximo Orçamento Geral do Estado pode criar um novo imposto sobre o uso, por jornais e televisões, de notícias contendo a palavra "pode". A taxa a cobrar pode ser agravada quando os títulos utilizarem formas do verbo "admitir". A receita pode reverter totalmente para um fundo de apoio às vítimas da manipulação mediática de expectativas. Espera-se que este imposto renda verbas avultadas enquanto a imprensa preferir fazer previsões, muitas vezes não fundamentadas, em vez de dar notícias factuais. Pode, ainda assim, haver reduções de taxas quando for nítido que os acontecimentos, malignos ou benignos, que sejam anunciados como "podendo" acontecer, sejam acompanhados de referências a que também "podem" não acontecer.

 

 

João de Braga Filho, Quinta de Vilar

 

 

 

 

Pretendemos o mal menor e não a qualidade

 

Estamos a viver um tempo em que a mediania é que prevalece, nas mais diversas áreas, nas mais diversas atitudes, até na nossa forma de estarmos e nos comportarmos.

 

E, estamos "numa" de tomar caminhos e opções que não se alumiam pelo mérito, pela qualidade, pelo fazer melhor para estarmos todos melhor, mas só e unicamente pelo "mal menor".

 

E como um "mal nunca é um bem", estamos "numa" de andar pelo que "vai dando, pelo assim-assim, talvez, e vivendo um dia de cada vez", como se dissimuladamente assumíssemos não haver "futuro"! E nesta de destruir sem refazer, de anular sem edificar, em acharmos que os outros é que têm de resolver tudo por nós, e nós, deixarmos "correr", claro que vamos alegremente andando de mal a pior. (...) Pais e mães deixaram de lado, para amanhã — um dia de cada vez — a educação base dos eus filhos, arrumando-a para os professores, e estes que também são pais e mães procedem por certo de igual forma, e todos andamos a "abarrotar" o dia, na tal de "um dia de cada vez". Numa de egoísmos, individualíssimos, antipatias, que nos fazem agir e reagir o por possível. (...) E como nos passou a ser muito difícil saber pensar, fazemos fugas urgentes "em frente", para estar ao nível dos comportamentos e atitudes dos que nos rodeiam. E todos e a cada dia estamos pior do que no dia anterior. E como ninguém tem culpas a não ser o "outro", e o "outro" é sempre o do lado que "chuta" mais ao lado, andamos "nisto" que é desfazer sem nada refazer.

 

E somos alegremente deseducados, não respeitamos regras dado acharmos que podemos fazer o que nos dá mais jeito, desde que nos agrade, sendo que o tal "outro" faz exactamente o mesmo que nós.

 

E vamos num crescendo do tal "mal menor", de não apostar no mérito, na qualidade, de andar por ver andar os outros.

 

Claro que, chegados a este ponto e sem educação, hoje, e sem pais e mães educarem — se calhar por já não saberem, ou nunca terem aprendido — os seus descendentes "no amanhã" — até por viverem um dia de cada vez — não parece que tenham bom futuro, dado que hoje já "isto" vai uma desordem, deseducada!

 

Mas, talvez algum milagre tudo resolva. Ou nem por isso!

 

 

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

 

 

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