Cartas à Directora

O cartel do fogo

Está a ser notícia na imprensa espanhola o processo judicial contra o “cartel do fogo”, que opera no negócio dos meios aéreos para a extinção de fogos florestais. Centrado na empresa espanhola Avialsa, supostamente manipularia o mercado e subornaria decisores. As suas operações em Portugal, Itália e França aparecem também citadas.

Seria curioso (ou mesmo imperioso) analisar o histórico do negócio do combate aos incêndios florestais no nosso país. Porque se escolheram os helicópteros russos Kamov? Porque ficaram alguns avariados durante anos obrigando a contratações adicionais de milhões de euros, por vezes em ajuste direto? Porquê as cedências de posições contratuais entre supostos concorrentes?

Para lá do problema comum a todas as contratações que saqueiam e delapidam o erário público, aqui há ainda um outro prejuízo brutal e assustador, o causado pelo fogo. Não estou a afirmar, nem sequer a insinuar nada, mas se há negócios que devem ser escrutinados com todas as lupas, este é seguramente um deles.

Carlos J F Sampaio, Esposende

Uma classe sem classe

As férias dos políticos já acabaram. As de Marcelo foram as mais extravagantes. Não pelo luxo das mesmas, mas por ter ido para o Algarve a conduzir o seu próprio carro e parado numa área de serviço para o abastecer, tendo ele próprio feito o abastecimento. As pessoas que o viram ficaram surpreendidas. Quando li a notícia, confesso que também fiquei, embora pouco ou nada me surpreenda neste PR. Chamam a isto ser populista, mas acho que é mais grave. É falta de senso. Nem na república das bananas se veria uma cena como esta - o mais alto magistrado da Nação a meter gasolina ou gasóleo no seu carro, num espaço público, perante o olhar incrédulo dos seus concidadãos. Marcelo, quando diz que o povo é melhor que os políticos, devia começar por se ver ao espelho. Mas tem razão. A nossa actual classe politica, com ele logo à cabeça, e salvo honrosas excepções, é uma classe política sem classe.

Simões Ilharco, Lisboa

Outono escaldante

Aproxima-se um Outono escaldante. A Moodys, a Standard & Poor’s e a DBRS vão avaliar a capacidade do crédito português. A DBRS tem sido uma amigalhaça da República portuguesa. Espero que continue a credibilizar Portugal. A recapitalização da Caixa Geral de Depósitos vai fazer disparar a dívida pública, apesar da previsão para o défice público poder ser adocicado por Bruxelas. Com Passos a sair da toca atrás da lebre Cristas, o chefe de governo vai ter que apurar o discurso político. O aumento do salário mínimo vai ser bandeira de luta do fragilizado partido de Jerónimo de Sousa. Afinal, tanto alarido com a possibilidade de conquista de medalhas no Rio 2016, não é novidade para o governo atingir metas orçamentais. O governo da Frente Popular deve provar o contrário do que previu Marcelo Caetano após o 25 de Abril: “Veremos alçados ao poder: analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de Câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes da República”.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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