Cartas à Directora

Coincidências

Já se sabe que o referendo inglês que levou à saída da UE deveu-se a uma corrente eurocéptica dentro do partido conservador que ameaçava a liderança de Cameron. Este decidiu fazer o referendo para calar as dissidências dentro do próprio partido. Só que o "tiro saiu-lhe pela culatra" e o resultado é o que se sabe.

Em 1940, perante a esmagadora derrota da França frente ao poderio alemão, havia uma forte corrente entre os conservadores liderada por Lorde Halifax, ministro dos negócios estrangeiros inglês na altura e por Neville Chamberlain, que queriam negociar uma "rendição honrosa" com os alemães. Churchill, então primeiro-ministro, discordando abertamente desta opção e na qualidade de chefe do governo conseguiu mobilizar a população para a resistência total aos alemães apenas prometendo aos ingleses "sangue, suor e lágrimas". O povo inglês entendeu o apelo do seu líder e este substituiu os seus opositores no governo por homens da sua confiança como Anthony Eden.

Imagine-se que Churchill anunciava um referendo, propondo que os ingleses se pronunciassem pelo sim ou pelo não em relação a negociar a paz com os seus inimigos alemães?

José Maria Amador, Lisboa

Eleições em Espanha

Nuestros Hermanos foram a votos. O caminho até à democracia não foi fácil. A ditadura franquista, a Guerra Civil Espanhola e a guerrilha da ETA foram barreiras difíceis de ultrapassar. O Congresso dos Deputados em Espanha é formado por 350 representantes eleitos pelo povo. De novo, não há formação política com maioria absoluta. Qual será o “partido do desbloqueio”? A eleição de deputados proporcionalmente ao número de votos recebidos é a essência da democracia representativa. Contudo, virou moda o pedido de maioria absoluta para governar sem sobressaltos. Os políticos profissionais necessitam de eleições e crises políticas como de pão para a boca. A aliança de esquerda Unidos Podemos, o Partido Popular, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Cidadãos vão fazer o que mais gostam: dialogar, dialogar, dialogar. O rei Filipe VI rememorando o seu pai devia clamar: porque não se calam?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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