Cartas à Directora

Ainda a extrema-direita

Mais uma vez vimos na Europa Central a ascensão da extrema-direita. Desta vez na Áustria. Importa, no entanto, aceitar e assumir um facto: as políticas de imigração falharam. Este é um ponto que não vi nenhum comentador aceitar. Talvez por medo de ser considerado intolerante...

A adesão à extrema-direita não acontece apenas devido à intolerância das populações. Acontece devido à forma como esta crise foi gerida.

Os refugiados provocam problemas reais nas populações. Não podemos ser infantis e fechar os olhos, e fingir que nada disto está a acontecer. Enquanto estes problemas não forem estudados, analisados e resolvidos, esta política acabará ou com a implantação do fascismo, ou com a destruição da cultura dos países que têm acolhido refugiados.

Para uma Europa solidária, humana, mas europeia, é importante encarar os aspectos negativos desta “integração”.

Mathias Mecking Weigl, Viena, Áustria

 

Migrantes (com “e” ou “i”) e retornados

A instabilidade social, económica e física, em muitos pontos do globo, está a provocar uma onda de deslocalizados, que procuram, prioritariamente, segurança física para si e a sua família, e oportunidades para encetarem uma nova vida.

Neste contexto, e referindo-nos somente ao nosso território, o que se está a passar na Venezuela merece uma apreciação muito cuidada pelo nosso governo. A comunidade madeirense na Venezuela é muito grande e ainda recentemente um casal de origem madeirense foi sequestrado no seu carro, o dono reagiu, o carro despistou-se e a mulher morreu. Mais um drama. Mas se por ventura houver uma onda de fuga colectiva, talvez tenhamos uma nova edição de retornados, não das ex-colónias africanas, mas da Venezuela, pelo que  é urgente o governo estudar por antecipação a eventualidade desta catástrofe.

Duarte Dias da Silva, Lisboa

 

O futuro da ADSE

A ADSE, sistema de saúde dos funcionários públicos, é uma parceria público-privada. Atendendo a que os funcionários públicos são pagos pelos impostos de todos, há uma transferência directa dos nossos impostos para os privados de saúde, quer sejam hospitais quer sejam de actos de diagnóstico.

Os utentes da ADSE são beneficiados se forem a um hospital ou a um centro de diagnóstico tratar-se e são prejudicados se forem a um hospital público.

É uma situação inaceitável. Ir a uma urgência a um hospital público e pagar 17 euros e ir a um hospital privado com parceria com a ADSE e pagar apenas cerca de 4 euros, ou ir a uma consulta a um hospital público e pagar mais de 7 euros e a uma consulta a um hospital privado e pagar 4. É escandaloso.

Nestes termos, a ADSE é uma espécie de seguro de saúde financiado pelos nossos impostos. Nesta situação, é compreensível que haja governantes a tentar privatizar a ADSE, ideia com a qual não estou de acordo. Mais tarde ou mais cedo, isso poderia significar ser transformado num mero negócio com perda de direitos dos utentes. Perante esta situação, pergunto: porque não há uma parceria entre a ADSE e os hospitais públicos?

Mário Pires Miguel, Reboleira

 

 

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