Cartas à Directora

Só veio à baila

O caso ‘Panama Papers’ só veio à baila porque a Comunicação Social fez o seu papel: denunciar e informar o que vai mal nos reinos do faz-de-conta, onde muitos sugam o sangue de milhões.

E foi de até de fazer ‘chorar as pedras da calçada’ ao vermos e ouvirmos o ex-ministro do PSD, de seu nome Ângelo Correia, dizer com toda a sua ‘angelical candura’ que foi apanhado de surpresa com a associação do seu nome ao escândalo de ocultação de fortunas em empresas offshore no Panamá.

Afirmou, confessando, ‘estar ainda em estado de surpresa’, pois sempre terá pensado que o dinheiro não fala, e, nesse sentido, os verdadeiros prevaricadores não serão as suas gentes acima de qualquer suspeita, que roubam os países de obterem as receitas necessárias para poderem dar mais equidade social, uma vez que escondem em paraísos fiscais capitais ilícitos e criminosamente amealhados, pelo que ‘os maus da fita’ foram os jornalistas que ‘puseram a boca no trombone’, ao afirmarem que a Mossack Fonseca é a testa de ferro de ladrões de alto nível da teia criminosa que domina o mundo.

José Amaral, VN Gaia

 

Marcelo, amigo, o povo está contigo

Enquanto o Tribunal de Contas (Tdc) chumbou as contas dos contratos adicionais da Parque Escolar, o discurso do Presidente da República, nas comemorações do 42.º aniversário do 25 de Abril foi abrangente, convocando os partidos do arco da governação para um entendimento sobre a sustentabilidade da Segurança Social, o desemprego e a regulação bancária. Contudo, nem os cravos vermelhos escapam ao sistema capitalista. O símbolo do 25 A foi vendido a 1 euro, a unidade, na capital do império. Os célebres “trabalhos a mais” fizeram derrapar as contas da Parque Escolar. Acelerar para mostrar obra, e derrapar na prestação de contas foi “uma grande festa para o país”, nas palavras da ex-ministra socialista Maria de Lurdes Rodrigues. Estávamos na governação socrática e Marcelo Rebelo de Sousa preparava a campanha presidencial. O sétimo presidente após o 25 de Abril tem mais vida do que mil gatos. Marcelo, amigo, o povo está contigo!

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

A espanholização da banca

Claro que já há um manifesto assinado por 50 personalidades a mostrar a sua grande preocupação com hegemonia acionista que bancos espanhóis têm na banca portuguesa e que poderá aumentar com a venda do Novo Banco.

Julgo que não se trata da tradicional espanholofobia (que o Estado Novo tanto inculcou nos portugueses) mas a preocupação de a nossa banca estar maioritariamente nas mãos de um só país seja ela a Espanha, Angola ou a Alemanha.

Não conheço os 50 subescritores no tal manifesto mas ia apostar que a maioria esteve de acordo com a privatização total da banca (à exceção da CGD). Ora, uma vez privado um banco cada acionista é livre de vender as suas ações a quem quiser. É o Mercado Livre de todos tanto gostam!

Uma das consequências possíveis da privatização total e desse mercado livre é justamente um só país ficar “dono” da nossa banca.

Por isso senhores subscritores do manifesto: não chorem tanto, que isto é apenas a consequência das privatizações que os senhores apoiaram ou a que pelo menos não se opuseram

Carlos V. Anjos, Lisboa

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