Cartas à Directora

J.M. Tavares declara-se não neo-liberal

Na edição de quinta-feira, J.M.Tavares declarou não ser neo-liberal. Não é uma posição original. Em Portugal, quem defende as posições neo-liberais, bem conhecidas em tudo o Mundo, declara-se sempre um não neo-liberal. Ao contrário da M. Thatcher que disse quem era o seu inspirador, mostrou os livros desse pensador e prestou-lhe homenagem pública (F. Hayek), os nossos adeptos consideram sempre a designação como se fosse um insulto. Hayek enunciou muitos princípios de luta ideológica que hoje reconhecemos em muitos comentadores e economistas mas não me recordo de ele ter aconselhado a que era bom negar a origem e a formulação teórica dessas ideias. Engano-me, perdão. A ideia é fazer com que a doutrina seja o resultado de uma realidade insuperável e nunca uma realidade construída. E o argumento que o anterior governo não foi suficientemente neo-liberal tem uma única razão: não conseguiram, mas desejavam.

A. Betâmio de Almeida, Carnaxide

 

Língua portuguesa

Como o senhor embaixador do Brasil - que publicou um texto no PÚBLICO [9/2/2016] na língua do seu país - sabe muito bem, D. Pedro declarou a independência do Brasil, em rotura com as cortes de Portugal, num local da cidade de São Paulo onde uma humilde construção de adobe assinala o facto.

A partir daí e da civilizada acção dos portugueses e brasileiros contemporâneos desse evento histórico, o Brasil passou a governar-se a si próprio e Portugal fez o mesmo. A língua, pilar da pátria, nas palavras de Fernando Pessoa, é o primeiro emblema dessa pluralidade, sem animosidades mas também sem subserviência.

Os brasileiros entenderam ir adaptando a sua escrita ao ambiente cultural, multifacetado, típico do seu país. Problema seu, em que os portugueses não devem interferir. O latim deu origem a línguas diversas e daí não veio mal a Roma. Querer que hoje as coisas se passem de forma diferente é lutar contra o inevitável.

Antides Santo, Leiria

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