Cartas à Directora

Reconhecimento a quem o merece

Hoje, em lugar da crítica construtiva que algumas vezes tenho veiculado neste nosso prestigiado matutino, é com satisfação que elevo a minha voz para enaltecer, reconhecer e dar público conhecimento, do que comigo ocorreu, muito recentemente, no “velhinho” Hospital de São José, em pleno coração de Lisboa.

Eis os factos. Uma intervenção cirúrgica, seguida de cinco dias de internamento, possibilitam-me tornar público o apreço do que me foi dado observar e beneficiar como simples utente e cidadão. Desde a intervenção, a cargo de médicos  e anestesistas que demonstraram competência e posterior e cuidadoso acompanhamento, até ao pós-operatório, entregue aos cuidados das várias equipas de enfermeiros e ajudantes, tudo decorreu no mais alto quadro da competência profissional, profícua e permanente assistência que, registei, a todos os demais internados era consagrada. Uma palavra para algo que igualmente me surpreendeu pela positiva: a qualidade e quantidade da alimentação a todos proporcionada.

Estas considerações vão em sentido contrário às críticas que normalmente escutamos no que ocorre nos hospitais portugueses? É natural que assim seja. Mas a realidade vivida pelo signatário, que atrás descreveu sem o mínimo de exagero, foi essa. Há que reconhecer como preito da justiça e gratidão.

Uma nota final e, essa sim, de tristeza. É necessário passar pela experiência, como a que o signatário viveu, para se dar conta das injustas condições, em especial no aspecto remuneratório, a que estejam sujeitos os enfermeiros deste país. A sua elevada competência, profissional e humana, deviam – eu digo, DEVEM ser imediatamente – reconhecidas e compensadas. O governo não pode, nem deve, ficar indiferente à saída para essa Europa fora de profissionais enfermeiros, recebidos de braços abertos em qualquer país, onde os aguarda muito melhores condições de trabalho, compensações e outras vantagens, em função da sua alta competência qualificações para tão nobre missão.

O governo, a continuar indiferente a esta sua grave lacuna, está a condenar os portugueses a ficarem sem profissionais que velam pela sua saúde e bem estar. Que depressa resolvam esta grave situação. Os portugueses assim o esperam e agradecem!

Carlos Morais, Lisboa

Ode às gralhas

A carta à directora, Público de 1 de Agosto, (tempos livros, a história de um amor à primeira vista por uma gralha) de Nelson Miguel Bandeira é uma ode às gralhas! Leitor atento e sensível fez de uma gralha um poema, não se esquecendo do esquecido pássaro pertencente à família dos Corvídeos. O espaço dado pelo Público aos leitores é merecedor da maior atenção.Tenho lido interessantes artigos de opinião. Não querendo ser juiz ou ter uma “caneta pidesca e neurótica, passe o pleonasmo” como Nelson Bandeira, considero este artigo uma obra de arte! Quem se apaixona, assim, por uma gralha tem o mundo no coração! As palavras transmitem o pulsar da vida. Contudo, há uma gralha pouco conhecida! Numa das reedições da obra de Eugénio de Andrade o editor, descuidado, no índice deixou passar: Os Amantes Com Dinheiro, quando no original é Os Amantes Sem Dinheiro! Não sei se Nelson Bandeira conhece esta gralha! Lanço o desafio: vamos compilar o Livro das Gralhas? Como no poema “gralhado” do autor de Rente ao Dizer: ”é todo um mundo confuso, de penetração difícil, tanto mais difícil quanto mais pretendo pô-lo claro, transparente…”

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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