Cartas à Directora

Tempos livros, a história de um amor à primeira vista por uma gralha 

Embora, porque humano, demasiado humano, não as possa evitar, detesto gralhas, em todos os sentidos da palavra, excepto no sentido do animal com asas que é bem bonito! 

Quanto às gralhas linguísticas, abomino neuroticamente gralhas até nestas merdas que escrevo neste mundo virtual que não existe (a não ser como horrível e perigosa gralha). E corrijo-as enquanto leio o jornal com uma caneta pidesca e neurótica, passe o pleonasmo.

Contudo, nunca digas que nunca amarás uma gralha! Ao ler o obituário de E.L. Doctorow escrito por Isabel Lucas para jornal Público em papel (disponível também online) surge, assim de repente, inconscientemente criativa, uma gralha lindíssima: “Arranjou emprego no aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque, e nos tempos livros escrevia”.
Em vez de tempos livres, tempos livros. Nunca imaginei tal coisa, mas apaixonei-me à primeira vista por uma gralha!
É uma nova expressão belíssima nesta perfeita língua portuguesa, ainda que nascida de uma danada gralha. 
Há males que vêm por bem, diz o povo, que fala pouco, quando não é gralha, mas bem.

E é assim mesmo, antes de me calar (que já estou a ser demasiado gralha por hoje). Para gente como o grande E. L. Doctorow, que Deus o guarde para sempre livro, não há tempos livres, não, há tempos livros, onde a verdadeira liberdade, a única felicidade e a feliz eternidade abundam, sempre com a escrita e a leitura ao lado.

Amo-te, gralha linda!

Nelson Miguel Bandeira , Porto 
 

Esquerda, direita, volver

O Público, João Miguel Tavares, Miguel Esteves Cardoso e Rui Silvares estão de parabéns! Diz a velha máxima que da discussão nasce a luz. Ser de direita ou de esquerda é uma atitude. Contudo, a vida no terreno é a que conta! Habitação, emprego  e saúde são problemas comuns a todas as pessoas! Conheço pessoas de direita que são mais interventivas socialmente do que muitas que se afirmando de esquerda querem tudo para elas! A esquerda do gin tónico anda de braço dado com a direita da passerelle! O que conta são as atitudes, o altruísmo e a solidariedade. Da discussão nasceu a esquerda! Tales de Mileto, Zenão de Elea, Platão, Erasmo de Roterdão, Martinho Lutero, Samuel Clarke, Marx, Agostinho da Silva e muitos outros contribuíram para o eclodir de formas diferentes de ver a vida. A fome não é de direita ou de esquerda! Quando o estômago começa a dar horas  é que são elas. Não há fome ou vontade de comer de direita ou esquerda.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim
 

O PÚBLICO ERROU

Na notícia “Quase 36% dos partos nos hospitais públicos são feitos sem epidural”, publicada na edição de 27 de Julho, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho foi erradamente referido como uma das unidades com mais baixa taxa de partos sem epidural. Na verdade, em 2013, o centro proporcionou analgesia em 883 dos 1043 partos eutócicos, o que corresponde a 85%. As nossas desculpas à instituição visada e aos leitores.

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