Cartas à Directora

Pilotos suicidas

Nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, na Guerra do Pacífico, perante o avanço das tropas aliadas, a Força Aérea japonesa utilizou a sua última arma. Treinou uns milhares de pilotos suicidas que direccionavam os seus aviões carregados de bombas para os barcos e bases inimigas, provocando assim milhares de mortos, principalmente americanos, que os acompanhavam na viagem para a última morada.

Muito dificilmente um soldado japonês se rendia! A rendição significava, para a maioria deles, a perda da Honra.

Depois do Governo Grego ter convocado o Referendo para que os cidadãos se pronunciem sobre as propostas dos credores, que é o mesmo que dizer da continuação da Grécia no Euro e, muito provavelmente, na EU, a imagem de Tsipras e Varoufakis aos comandos de um caça japonês em direcção a um enorme porta aviões europeu não me tem largado.

Espero sinceramente que meu pessimismo não tenha razão nenhuma de ser, mas as imagens das filas frente aos multibancos gregos também não abonam muito em favor da confiança dos gregos no regresso da dracma!
Talvez faça pensar duas vezes quem por cá defende a saída do Euro…

Helder Pancadas, Sobreda
 

Maria de Lourdes Levy

Só ontem soube da morte (em 27/6) de Maria de Lourdes Levy, pediatra, professora de Pediatria e figura carismática desta especialidade médica em Portugal. Não sou a pessoa mais indicada para lhe tecer loas pois não convivi com ela, até porque sou doutra geração e local mas considero-me seu discípulo pois vivi com intensidade o início de um período de grande desenvolvimento da Pediatria que ajudou o nosso país a "mostrar o que valia" e os números não enganaram nas estatísticas. Ela como mestre e eu como jovem médico que aprendia e tornava a aprender.

Deixando de lado  a sua biografia, que outros escreverão com mais critério, recordo duas situações do quotidiano, humanas, que também servem para dar dimensão a quem já a tem de sobra. Uma, quando numa viagem na Alemanha, numa carrinha "pão de forma" com três bancos, me surpreendeu ao interferir na minha conversa com outro ilustre professor. Até aqui tudo normal, só que... ela ia falando com o motorista no banco da frente, eu estava no de trás e... havia outra animada e barulhenta conversa entre três pessoas no banco do meio! Espantado pela audição e capacidade de participar em três sítios, ouvi dela que lhe era habitual ver televisão. fazer "tricô" e ainda ler um artigo médico em simultâneo! A outra foi quando, num congresso, descobriu que se tinha enganado no tema encomendado mas, sem atrapalhação, "desatou" a falar de convulsões infantis, tema que lhe era muito caro e lhe serviu muito bem para colmatar o engano. Curiosidades simples duma grande senhora e pediatra!

Fernando Cardoso Rodrigues,  Porto

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