Cartas à Directora

Exames nacionais – algo vai mal…

Os resultados dos exames nacionais dependem de vários factores: da adequação e extensão dos programas, da preparação dos professores, das condições das escolas, das condições dos alunos e… dos próprios exames.

Os exames da disciplina de biologia e geologia do ensino secundário, de há dez anos a esta parte, tornaram-se um quebra-cabeças para alunos e professores, de tal sorte que muitos alunos abandonam a disciplina e outros, frequentando-a, optam por não ir a exame, faculdade que a lei permite, embora restringindo-lhes o leque de opções para prosseguimento de estudos no ensino superior.

A média obtida nos exames de biologia e geologia em 2013 foi de 8,1, o que mereceu críticas generalizadas; os exames da mesma disciplina de 2014 foram mais previsíveis e a média obtida subiu 2,6 valores (!), para 10,7. Como os factores que variaram de um ano para o outro foram apenas os próprios exames e os alunos que os realizaram (e nem todos), fácil é deduzir qual o factor que foi preponderante na subida…

Decorre a correcção dos exames de biologia e geologia da 1ª fase de 2015 e a natureza das questões e o carácter estrito e discutível de alguns dos critérios apontam para médias idênticas às de 2013, a não ser que as especificações que os professores classificadores estão prestes a receber, a meio do período de “correcção”, alarguem os critérios de classificação inicialmente definidos, os quais se estendem por 12 páginas, cuja marca de água, deveras conveniente, é “versão de trabalho”. Esse alargamento é, portanto, previsível, tanto quanto devia ser desnecessário. Mas, para isso, bastam quaisquer outras 12 páginas…

Da sua parte, os professores desejam e não têm formação em matérias específicas dos programas, que as universidades deviam disponibilizar gratuitamente, em vez de se perder tempo com pseudo-formação em projectos educativos, metas curriculares e quejandos. A natureza, conteúdo e formulação dos programas de biologia e geologia é outros dos problemas, mas esse é assunto tabu, até para os órgãos de comunicação social…

E assim vamos, encanando a perna à rã e brincando aos exames. Para sofrimento de muitos.

José Batista da Ascenção, Braga

 

Economia que mata

O Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa fez um relatório arrasador sobre o sistema de saúde português no tempo da Troika. A falta de clínicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e material médico é apontada no documento que merece uma reflexão profunda. As medidas da Troika provocaram um autêntico choque anafiláctico no Sistema Nacional de Saúde, e não só! Tudo aponta para que muitos portugueses morreram por insuficiente assistência médica e por não ter dinheiro para medicamentos. Segundo os farmacêuticos, muita gente, por penúria financeira, leva para casa apenas metade dos fármacos prescritos nas receitas. Normalmente, os mais baratos. O Papa Francisco tem toda a razão ao condenar o capitalismo selvagem, que “é uma economia que mata”.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Sugerir correcção
Comentar