Cartas à Directora

Regionalização? Outra vez?

Há dezassete anos atrás, no Referendo sobre o Processo de Regionalização do Coninente, quase dois terços dos eleitores votou NÃO! A análise esmiuçada dos resultados permitiu concluir que as lógicas partidárias pouca influência tiveram nos resultados. Mesmo em círculos eleitorais em que os paridos dominantes apoiavam o Sim, a maioria dos eleitores manifestou-se contrária à criação das regiões.

Como em 1998, continuo a pensar que a criação de um nível intermédio de Poder, legitimado pelo voto, entre o Poder Central o e o Poder Local, não só não resolve nenhum dos problemas do País como irá criar ainda mais entropia no processo de decisão, já de si burocrático e moroso. Isto para nem falar dos mais que certos confrontos inter regionais pela distribuição de verbas de Orçamentos de Estado curtos e mais que “esticados”. As crescentes queixas dos municípios sobre esta matéria e a experiência da Madeira são bem ilustrativas do que nos esperaria.
Por outro lado, não estão presentes em Portugal as razões que levaram outros países a adoptar esse modelo para garantir as respectivas unidade e coesão nacionais, como a extensão territorial, a existências de várias comunidades idiossincraticamente muito distintas e a falar diferentes idiomas ou que resultaram da fusão de realidades políticas pré existentes.

Descendemos de um só Reino, falamos todos Português e qualquer automobilista que saia cedo de Caminha, chega a horas de almoçar a Vila Real de Sto António, no extremo oposto do País. Temos excelentes vias de comunicação e vivemos em plena Sociedade da Informação.

Quando ouço alguns políticos falar de Regionalização, lembro-me daquela cantiga do Prec “ se é para melhor, está bem está bem, se é para pior já basta assim!”.

Está na Constituição? E depois? No Referendo de 1998, de forma livre e democrática, os portugueses disseram que não devia estar…

Helder Pancadas, Sobreda

Exemplo a Seguir

Portugal não foi o único país afectado por uma crise cujos efeitos continuam a fazer-se sentir na vida de muitos cidadãos, mas é o país em que claramente continuam a ser colocados na primeira linha das preocupações de certos políticos, os interesses pessoais e partidários, em lugar dos cidadãos e do país.

À semelhança de Portugal, também a Islândia sofreu uma crise económica que poderá ter contornos diferentes, mas sendo dois países de diferentes dimensões, a verdade é que embora em maior número as forças politicas na Islândia, gerou-se consenso entre todas, para que se conseguissem ultrapassar os momentos difíceis.

Os problemas em Portugal não se resolvem com as forças politicais remando em sentidos opostos, sendo importante que em sede parlamentar, cada um ocupe o seu espaço, mas sejam traçados objectos comuns para um Portugal com melhor futuro, ou corremos o risco de viver permanentemente em conflito, em que a falta de consenso entre partidos, contribui apenas para adiar a resolução dos problemas do país.

Américo Lourenço, Sines

                                                                                       

Sugerir correcção
Comentar