Cartas à Directora

Porque somos pobres

Portugal é um dos países mais pobres da União Europeia. Mas sabemos que o que o país produz chegaria muito bem para todos se a riqueza estivesse mais bem distribuída. No entanto, se é fácil falar e criticar, é difícil que tal possa acontecer.

Temos um Primeiro-Ministro que, à semelhança do seu antecessor do PS, não sai das televisões. É presença cativa todos os dias e a todas as horas nas de maior audiência. É certo que um homem assim não tem tempo para governar. Porque governar é querer governar bem e fazer por isso. E governar bem exige recato e muito trabalho de gabinete para o estudo dos dossiês, para a reflexão e ponderação dos vários problemas e escolhas e para a troca de pareceres e aconselhamento dos seus colaboradores mais próximos e mais competentes.

Em vez disso, o nosso Primeiro passa o tempo todo a atacar e a responder aos seus adversários políticos na hora, sem perder tempo, talvez com receio de ficar com a posse da bola, em vez de a arremessar ao seu adversário político.

Mas há coisas que nem exigem ponderação, exigem, apenas, decisão.

Nos jornais de há dias veio uma notícia que dizia: Estado gasta 3,5 milhões por ano com policiamento dos jogos da I Liga. E a pergunta que se põe é esta: então os Senhores do futebol que gastam milhões com treinadores e jogadores aos quais pagam principescamente de tal modo que se passeiam nos seus bólides topo de gama, exibindo sinais exteriores de escandalosa riqueza e os contribuintes é que têm de lhes pagar o policiamento? Onde está a razoabilidade? Onde está o decoro e a justiça?

Há três anos passei quinze dias na Holanda e durante todos esses dias nunca vi o Primeiro-Ministro, nem ministro na televisão. Em vez deles, vi muitas vezes a rainha em passeio ou em visitas oficiais. E quando perguntei a um natural porque é que os ministros não apareciam na televisão, ele respondeu-me: não têm vagar, estão a trabalhar nos seus gabinetes.

Artur Gonçalves, Sintra

 

Não escolham os extremos

João Miguel Tavares (J.M.T) escreveu no PÚBLICO  um artigo - Amor de mãe - em que se coloca no outro extremo de pensamento de Daniel de Oliveira (D.O) no que este explanou - Mãe que arrepia - no EXPRESSO DIÁRIO, quanto ao que disse, no Facebook. do jovem (não é jovem JMT, é criança!) que assassinou o miúdo (não é miúdo JMT, é também criança!) a própria mãe do primeiro.

Enquanto D.O. não entende o "repúdio" do próprio filho assassino feito pela progenitora, J.M.T prefero-o à não defesa da justiça, muito mais social que o "amor de mãe", este muito mais "redutor". D.O "arrepia-se que possa haver uma mãe assim", J.M.T "comove-se ao ouvir uma mesma mãe preferir que o filho estivesse no lugar do morto".

Sei bem que neste mundo pós moderno tudo se disseca, tudo se relativiza mas.... no final, tudo se extrema. No entanto preferiria que assim não fosse pois o que me faz reflectir e, porque não dizê-lo, "angustiar" é saber que entre o "viver é sobreviver à morte de um filho" ( F. Mauriac) e o " às vezes uma família não está debaixo do mesmo tecto" (M. Duras) vão vidas humanas totipotentes e tantas vezes sem um só tom.

Por favor, não escolham a assertividade atrevida dos extremos!...

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

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