Cartas à Directora

Declaração

Eu, José Bernardo Mendes de Carvalho Amaral, portador do BI1602683, cidadão português, em pleno uso de direitos e garantias e de obrigações legais e morais, venho publicamente confessar que me sinto muito envergonhado com tudo de mau que ultimamente tem acontecido nos meandros da política, na banca, em lugares de destaque e no topo da governação do país, em que se tem desvirtuado as boas práticas de isenção, lisura e honradez moral e cívica, pondo até em risco a soberania da nação lusíada, a caminho de nove séculos de existência. E mais acrescento, declarando que não concordo de todo com aquelas figuras públicas, "cheias de sapiência", que nos mimoseiam de que "política é da política e que justiça é da justiça", quando não são indissociáveis, pelo que dou um exemplo que agora me ocorreu: o que diriam tais figuras públicas se num hipotético país houvesse apenas um cirurgião, que à noite esfaqueava pessoas para no dia seguinte as operar?

José Amaral, V. N. Gaia

 

Sócrates, o filósofo ateniense

O precursor do Speaker’s Corner, no Hyde Park londrino, ilumina os nossos dias. Sócrates, o filósofo ateniense (469 a.C./ 399 a.C.) afirmou que: três coisas devem ser feitas por um juiz: "ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente". O filósofo caminhava descalço e dava aulas gratuitamente. O Recanto do Orador londrino evoca as prédicas socráticas. Contudo, de "filósofos" está o mundo cheio. Os portugueses têm exemplos de sobra em relação a distintos oradores políticos. Os sábios na arte de mentir ocupam lugares de destaque na vida pública portuguesa. O filósofo da Grécia Antiga foi julgado por não enterrar os soldados mortos durante a guerra do Peloponeso. O general não cumpriu o código militar ateniense que obrigava os comandantes a enterrar os soldados falecidos em combate. O poder de diálogo do filósofo convenceu os juízes: abandonar os mortos permitiu salvar vidas. João Perna, o motorista do ex-primeiro-ministro José Sócrates, foi indiciado nos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Não acredito que João soubesse o que levava dentro dos envelopes e malas! O fiel motorista não abandonou o seu "general". A ver vamos se o político Sócrates defende o seu motorista!

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

E agora, quem se segue?

Os acontecimentos recentes dos vistos gold e, especialmente, do caso José Sócrates, que, convém não esquecer, foi primeiro-ministro de Portugal, despertam infelizmente a atenção para o estado a que chegou o nosso país, no patamar político. Os crimes económicos e fiscais, envolvendo personagens conhecidas, vieram ocupar um lugar de destaque, a que as autoridades policiais e judiciárias dedicam o seu tempo. E, felizmente, elas funcionam eficazmente e prontamente, a bem da realização da Justiça, uma Justiça para todos. A continuar assim a narrativa desses crimes, ocorre deixar a pergunta: e agora, quem se segue?… Veremos certamente num futuro próximo.

Guilherme Fonseca, Lisboa


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