Cartas à Directora

Declaração de guerra

A guerra foi declarada por Barack Obama contra um país que não existe, não tem fronteiras nem capital. Ninguém reconheceu o Estado Islâmico ou Califado jihadista e muito menos os EUA. Mas mais bizarro ainda é o facto de terem sido as próprias tropas americanas as causadoras deste “não estado”, pelas invasões do Iraque, do Afeganistão e a conservação no poder de Assad na Síria. Os jihadistas encontram-se actualmente sobretudo no Iraque e Síria. Quem são eles? Muitos estrangeiros, sunitas, liderados provavelmente por oficiais baasistas do exército de Saddam Hussein. Tratava-se de um partido socialista moderado e laico. As populações aceitaram estes “guerrilheiros” por convicções sunitas ou para salvar as suas vidas. Como distinguir estes pobres civis dos homens em armas? Mas a situação na Síria ainda é mais complexa. Os americanos e a coligação (sem os turcos) gostariam de favorecer a oposição moderada a Assad, apesar dela ser pouco visível no terreno. A paz é o que os Sírios desejam. Fácil é ajudar os Curdos, mas esses nem sequer têm Estado, o que é uma injustiça. Tudo isto surge com eleições americanas à porta. Nenhum presidente dos EUA ganhou eleições sem falar de forma agressiva aos supostos inimigos internos e externos.

Raul Fernandes, Porches Velho

 

Software a custo zero

A notícia não é enganadora, de facto o estado podia "economizar" milhões de euros comprando software "aberto". À vista, a diferença é apenas mais um X nas extensões, assim a nossa carta para o amigo Pedro seria: 140903pedro.docx.

Ambiguamente, o X que sinaliza uma versão aberta, é desde sempre usado para definir uma variável. E, intencionalmente ou não, essa variável permite os mais diferentes e por vezes bizarros comportamentos da aplicação.

Diz-se que foi a possível opção por software aberto que há anos trouxe Bill Gates a Lisboa, tudo é possível, não pelos milhões mas para evitar precedentes. Chegados aqui a pergunta é: o que vale mais em termos de valor intrínseco? O custo do software ou os muitos custos em desorganização, perda de eficiência, erros e omissões, perda de tempo dos funcionários, conflitos de interesse, ações corretivas, e tudo misturado ao descalabro, às reclamações e justificações internas e externas para o sucedido.

Há muitos anos um alto dirigente francês deu como mau exemplo a dependência do país face ao software, o principal fabricante tomou a devida nota, hoje os muitos pacotes de software são desenvolvidos localmente, os média noticiam um grande acontecimento nacional quando não passa de uma aplicação, a Europa continua a aceitar.

Por isso é bom que continuemos a pagar milhões por software, a alternativa é utópica, e pior, no estado, o grande "esbanjador", não há suficientes pessoas para dar a "martelada" necessária à adaptação do software aberto às necessidades concretas da máquina do estado.

As gorduras do estado não devem ser confundidas com gastos necessários ao funcionamento de um país moderno, nem a um serviço eficiente ao serviço dos seus cidadãos sejam eles contribuintes ou simples beneficiários.

Rui Figueiredo Jacinto, Lisboa

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