Cartas à Directora

Não nos esqueçamos da Líbia

A Europa continua a navegar à vista em todos os aspectos, que não só no económico, e sempre a contar com o véu protector dos EUA.

Os políticos europeus – todos – com o apoio ou cobertura da comunicação social, ou o inverso, andaram vislumbrados com Israel e Gaza, antes a Crimeia, agora a Ucrânia e a actual Rússia ex-Soviética, e também o estão com o Estado Islâmico.

Sendo evidente que são situações mais ou menos “encostadas” à Europa, de guerra num tempo que se esperava de paz, e para as quais, desgraçadamente, não temos o mínimo de ideias coerentes e colectivas.

E estamos, mesmo assim, todos esquecidos de algo aqui tão próximo, que é “só” do lado de lá do Mediterrâneo, a Líbia. Líbia, que está um país transformado por grupos demasiado extensos de tribos, que querem ver se conseguem tomar conta dos recursos e rendas, do petróleo. E como o ditador Kadhafi – até dada altura muito acolhido, face ao petróleo, por demasiados países mundiais, entre os quais bastantes europeus – tinha o país construído em torno de si próprio e dos seus, quando foi eliminado, tudo evidentemente desapareceu. Assim, perto de onde se programa aqui nesta Europa sem rumo, de onde possa vir gás em alternativa ao da Rússia do Sr. Putin, está tudo a desfazer.

E, para além da tragédia local em vidas e mortes, e destruição, as mortes que mais irão acontecer no Mediterrâneo, de pessoas em fuga para o continente europeu, como já vem a acontecer infindavelmente em Lampedusa, e teremos fanáticos aqui, do outro lado, tão perto, quer por ideais, quer por desespero, quer pelo que possa ser, a guerrear-nos.

E nós, feitos esquecidos, distraídos, andamos às voltas com uma burocracia infinita na Europa, nos comissários e em tudo o mais, sem nada de construtivo fazermos e sempre à espera de que os EUA de nós não desistam. (...)

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

 

Aquilino, alguns esclarecimentos

O artigo que, na edição de 13 de Setembro, saiu no PÚBLICO sobre o regresso de Aquilino a Portugal, há cem anos, e as referências que nele fiz aos títulos de obras do escritor Estrada de Santiago, O MalhadinhasDomingo de Lázaro, suscitaram dúvidas e pedidos de esclarecimento de muitos leitores. É fácil aclarar: Estrada de Santiago foi publicada em 1922 e nela se inseriu, pela primeira vez, em livro, a novela O Malhadinhas. No âmbito das obras completas de Aquilino, o escritor decidiu, em 1958, transformar O Malhadinhas numa versão ampliada e com título próprio. Ao retirar O Malhadinhas da Estrada de Santiago, incluiu, neste livro, a novela inédita Domingo de Lázaro, na qual recriou o magistério que exerceu, até 1918, no Liceu Camões. É evidente que nesse tempo, repleto de conflitos e divisões político-partidárias (a eclosão da Guerra de 14 a 18, a ditadura de Pimenta de Castro e o acentuar da cisão na Maçonaria, etc.), a narrativa menciona professores e outras figuras públicas através de nomes supostos. Tal como Aquilino já fizera em Lápides Partidas, que corresponde ao período de grande agitação revolucionária e luta armada, em Lisboa, e que termina com a prisão do escritor, o regicídio, a fuga e o primeiro exílio de Aquilino em Paris.

António Valdemar, jornalista, Lisboa
 

O PÚBLICO ERROU

No texto “Taiwan envia um pedido de amizade a Portugal, política à parte”, publicado na quarta-feira, dia 17/09/2014, na página 14 e 15, a fotografia é de uma acção na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. Aos leitores as nossas desculpas.

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