Cartas à Directora

À memória de William Wallace

O veleiro Cutty Sark iça as velas independentistas escocesas. O puro malte escocês espalha os grãos fermentados elevando a memória do independentista escocês William Wallace, retratado no filme Braveheart, que em 1305 lutou contra Eduardo I de Inglaterra. A bruxa dançarina do poema de Robert Burns, que deu o nome ao veleiro, faz do oceano Atlântico e do mar do Norte epicentro libertário. Com metade da população portuguesa, a Escócia dá o dobro de preocupações à coroa britânica e à União Europeia. Os rebeldes em Edimburgo clamam pela separação do Reino Unido. O single malt, o scotch e o blended lançam o perfume da vitória do "sim". Envelhecidos em barris, os argumentos do "sim" e do "não" fermentam. As ideias românticas da liberdade discutem-se melhor banhadas a um Cutty Sark aged 15 years! Entre o "sim" e o "não" os indecisos podem decidir a saída da Escócia da União Europeia. O FMI afia as garras quando a Escócia pode figurar no menu dos países em risco de emergência financeira com a saída da coroa. A libra esterlina pode ser substituída pelo “escudo escocês”, em honra do Tratado de Windsor, celebrando a mais velha aliança entre países. A amizade sem fim, entre Portugal e a Inglaterra, depois Reino Unido, vem da Idade Média, não sendo referência histórica para as diferenças entre os PIB. União Europeia sim, união monetária não. A Catalunha está atenta para a vitória novembrista. Lembram-se da palavra de ordem gritada na capital espanhola após a instauração da democracia? “Si, Si, Si Pasionaria (Dolores Ibárruri) em Madrid”.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim 

A paz e as religiões

Declaro, como católico romano, que concordo, subscrevo e "enfio a carapuça" com a análise de M. Gaspar Martins sobre a "A Paz e as religiões", no PÚBLICO de sábado, 6/09. Este assunto tem sido, para mim, motivo de curiosidade e estudo. Reflectindo como cristão, não compreendo como a figura luminosa, fraterna, apaziguadora e religiosa de Jesus pode servir de justificação para tantas barbaridades, de que as Cruzadas e a Inquisição são exemplos. Igualmente, não devo esquecer a multidão de gente anónima e de pessoas notáveis (Óscar Romero, p. e.) que se expõem ao sofrimento e à morte por seguirem Jesus!

No fundo, este problema da Paz é uma parte do problema mais vasto que filósofos e teólogos têm debatido: Deus e o Mal!

Entre muitas dúvidas, que a reflexão me tem levantado, exponho estas: será que o Mundo seria melhor sem as religiões cristãs?; se o Mal ensombra Deus, de onde vem o Bem?; o Bem que a Declaração Universal dos Direitos Humanos defende não terá, em última análise, uma matriz de inspiração religiosa, de inspiração divina?

Entre dúvidas e mais dúvidas, vai-me seduzindo e dando mais força o exemplo do médico missionário que, por imperativo religioso, foi para África praticar o Bem e contraiu o ébola, do que as Cruzadas e a Inquisição. É nesse Deus testemunhado por Jesus e pelo médico missionário que acredito!

José Madureira, Porto

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