Cartas à Directora

Para além da pobreza

Para este Executivo, também "democrata-cristão", a fome instalada no país deveria fazê-los corar de vergonha. Os desempregados caídos na desgraçada pobreza crescem.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que em 2012 houve mais 40% de portugueses atirados para a precariedade e miséria. É a taxa mais alta desde 2005. Não admira, pois mais de 50% dos sem trabalho não recebem quaisquer subsídios. Porquê? São 425 mil sem prestações sociais (números oficiais, não reais...). O Eurostat avalia em mais de 2 milhões de compatriotas em pobreza e exclusão social, com a taxa a subir para cerca de 25% relativa a 2012, acima da média europeia.

Desde 2005, o INE estima que em 2012 o risco de pobreza atingiu o valor mais alto e a desigualdade entre ricos e pobres voltou a agravar-se, denunciando a assimetria na distribuição dos rendimentos.

Em 2011 e 2012, o rendimento dos portugueses foi cortado em 2% e os funcionários e pensionistas do Estado a quem lhes roubaram os subsídios de férias e de Natal, perderam dois salários por ano.

A maioria da população está empobrecida e vai empobrecer mais; a sopa dos pobres e a caridadezinha oficializou-se; o desemprego e a precariedade são infecções galopantes; os ricos riquíssimos cujas fortunas representam 16,7 mil milhões de euros distribuídos por 25 famílias! Entre-mentes, desde Passos Coelho até Maria Albuquerque afirmam: «Estamos melhor que há dois anos», com a bênção de Cavaco. Esta estratégia do embuste atinge a imoralidade, enquanto o Povo come pão com dentes...

Vítor Colaço Santos, S. João das Lampas

 

Portugal,  a pobreza e o meu vómito incoercível

Vou confessar que após ter lido a notícia do PÚBLICO de  (25/3) dissecando o relatório do INE sobre a pobreza, ainda me mantive "racional", mas ao assistir,  ao debate sobre o assunto na Assembleia da República não contive este ímpeto dum "vómito incoercível" que me trouxe ao computador. E foi aquele metafórico, senão teria mesmo era de correr para a sanita...

Parece impossível que o ministro Mota Soares, democrata-cristão por suposição e funâmbulo na realidade, venha rebater toda a evidência que o dito relatório denuncia e, atendo-se ao "Índice de Ginni" (I.G.) e a meia dúzia de atabalhoadas "artes circenses", para se manter à tona duma política destruidora e rapace, tentando salvar a "alma" dum governo desalmado!

Realmente a Luís Montenegro,no congresso do PSD, fugiu-lhe a boca para a verdade ao dizer "o país está melhor, as pessoas é que não". E agora, já basta um único índice estatístico (I.G.) para "dizer-se que se tem razão". Mesmo que este no fundo só venha dizer aquilo que todos nós sabemos e era o escopo deste governo: a nivelação da classe média por baixo com a subsequente destruição económica e, mais do que isso, social e política.Diz M.S. que não tocaram nos "mais pobres dos pobres" e também mal fora! Mas... deixaram os "mais ricos dos ricos" abalarem por ali acima! "Abençoado" Indice de Ginni que tão bem lhes serve para justificar todo o mal que fizeram e continuam a fazer aos portugueses! Ao escrever, melhorei, mas ainda mantenho a náusea premonitória do vómito...

Fernando Cardoso Rodrigues,  Porto


 

                  


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